Única igreja de Paraitinga ameaça ruir

Diocese de Taubaté busca um patrocinador para custear reforma de templo que resistiu à enchente; obra custará cerca de R$ 3 milhões

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Por João Carlos de Faria
Atualização:

Único templo de São Luís do Paraitinga a permanecer de pé após a enchente que castigou a cidade no início do ano, a Igreja Nossa Senhora do Rosário ameaça ruir se providências urgentes não forem tomadas. A Diocese de Taubaté, no Vale do Paraíba, busca um patrocinador disposto a financiar as obras necessárias.Durante a tragédia de janeiro, a Igreja Nossa Senhora do Rosário serviu como depósito para as doações que chegavam à cidade, vindas de todas as regiões do Estado. Se a igreja cair, a cidade fica praticamente sem um templo religioso para suas celebrações, já que a Igreja Matriz São Luís de Toloza e a Capela das Mercês foram completamente destruídas pelas águas.A igreja está parcialmente interditada desde 2003 e, de acordo com um laudo expedido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), corre risco de ruir. O principal problema está no telhado e nas calhas, que precisam de reformas urgentes, além da pintura e dos afrescos que estão desaparecendo.De acordo com a arquiteta Lívia Vierno, da Diocese de Taubaté, o laudo do IPT é "um pouco exagerado e apenas chama atenção para a precariedade da situação". Segundo ela, uma peça da nave central cedeu e coloca em risco a estrutura do templo. Custo. A arquiteta já elaborou um projeto para a restauração da Igreja do Rosário, mas há dois anos procura a parceria de empresas que se proponham a financiar o custo da obra, orçada inicialmente em R$ 1,45 milhão. Atualmente, o custo é de cerca de R$ 3 milhões, com um novo projeto elaborado por ela. "O projeto chegou a ser liberado para captação de recursos por meio do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), do Ministério da Cultura, mas o prazo venceu em novembro de 2009 e não conseguimos o dinheiro, apesar de termos batido em muitas portas", afirma. Lívia conta que muitas empresas consultadas alegavam que a igreja não tem visibilidade. "É difícil captar recursos numa situação dessas, quando não há interesse do patrocinador", lamenta.Responsabilidades. O historiador e ex-vereador Marcelo Toledo considera a situação bastante complicada e lembra que a responsabilidade não deve ser apenas da Diocese de Taubaté. "A responsabilidade deve ser compartilhada com o município e com o Estado, já que se trata de um patrimônio importante para a cidade e para o Estado", avalia. Ele ressalta que, por ser uma obra de restauração, o custo é realmente muito alto. Atualmente, as missas estão sendo celebradas no centro de pastoral da paróquia e, pelo visto, ainda devem demorar um pouco para voltarem a ocorrer na Igreja Matriz de São Luís de Toloza. Lívia, que também é a arquiteta responsável pelo projeto de reconstrução da igreja que foi destruída pelas chuvas, afirma que até o final deste mês deve finalizá-lo para que comece a ser executado. A igreja, segundo a arquiteta, será reconstruída com estrutura de concreto armado e alvenaria. "Por fora ela vai ficar exatamente como era antes", afirma a arquiteta.Em fevereiro, um mês após o temporal que arrasou a cidade, o terreno da Igreja da Matriz foi cercado por tapumes para que operários pudessem recolher os objetos históricos. Pela importância e pelo simbolismo que tem para os moradores, a reforma da igreja matriz é tratada como prioridade pela prefeitura no processo de reconstrução de São Luís do Paraitinga. A obra deve ser concluída em 2012.

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