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Unesp adverte 5 pela morte de estudante em competição com vodca

Universidade se isentou de culpa já que evento foi realizado fora do câmpus; Humberto Fonseca morreu depois de consumir 25 copos

Por CHICO SIQUEIRA
Atualização:
O mineiro Humberto Moura Fonseca fazia engenharia elétrica na Unesp de Bauru e morreu após ingerir 25 doses de vodca em festa universitária Foto: Arquivo Pessoal

BAURU - O resultado da Comissão Processante Especial, aberta pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), puniu apenas com advertência cincos estudantes pela morte de Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, e por lesões graves de outros quatro. Os estudantes, todos do câmpus de Bauru, entraram em coma alcoólico durante uma festa open bar, realizada em uma chácara da cidade, em 28 de fevereiro deste ano. 

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A comissão também inocentou a Unesp de qualquer responsabilidade sobre os fatos, porque a festa foi realizada em local particular, fora da escola, apenas entre estudantes e sem envolvimento da Unesp, embora testemunhas tivessem afirmado que ingressos da festa foram vendidos dentro da escola.

Estudante do último ano de engenharia elétrica do câmpus de Bauru, Fonseca morreu depois de consumir 25 copinhos de vodca em uma competição de quem bebia mais. O laudo toxicológico constatou que ele tinha 4,6 gramas de álcool por litro de sangue. Outros quatro estudantes, também do câmpus de Bauru, entraram em coma alcoólico e três deles tiveram de ser entubados e internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais da cidade.

A comissão concluiu que cinco estudantes que promoveram a festa foram os responsáveis e receberam punição de advertência, mas a Unesp não informou o tipo de advertência, apenas ressaltou que "a comissão recomendou para que as diretorias das duas unidades do câmpus de Bauru intensifiquem esforços para realizar campanhas preventivas aos efeitos de substâncias nocivas à saúde".

Mais culpados. Mas o inquérito policial que apura o caso não terminou e ainda incluiu mais quatro pessoas como acusadas de terem realizado a festa, informou o delegado Kleber Granja. "Tínhamos dois estudantes como realizadores da festa. Agora descobrimos que mais quatro atuaram na organização e realização do evento", comentou o delegado. Segundo ele, esses quatro acusados devem depor nos próximos dias. 

O delegado também revelou que o laudo de corpo de delito confirmou que "os estudantes internados em coma alcoólico foram vítimas de 'lesões de natureza grave', o que potencializa as acusações". "Os crimes foram de natureza grave", afirmou. A polícia ainda espera laudos de exames de toxicologia nas bebidas servidas aos estudantes. "Precisamos saber se a bebida era batizada ou não".

No total, cerca de 20 pessoas são investigadas, entre elas os seis estudantes acusados de promover e realizar a festa - eles respondem pelos crimes de homicídio com dolo eventual e lesões corporais, também com dolo eventual.

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Uma ação civil pública apura as responsabilidades da Unesp nos acontecimentos e pede o fim das festas open bar na cidade. "Essas festas open bar de estudantes continuam rolando soltas na cidade. Ao que parece, eles (estudantes) consideram que a morte do colega foi apenas 'um acidente de percurso'", comentou o delegado.

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