Um point realmente no alto da Augusta

Laje da Galeria Ouro Fino – agora batizada de Rooftop Augusta – ganha banho de loja e eventos

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Por Edison Veiga
Atualização:

SÃO PAULO -Em bom português, é uma laje – como era chamado oficialmente o espaço até 2016. “Hispterizado”, glamourizado e convertido em point de “serviços criativos”, foi rebatizado de Rooftop Augusta o terceiro e último andar da Galeria Ouro Fino, na Rua Augusta, uma das galerias mais famosas de São Paulo. O banho de loja é capitaneado por uma dupla de empreendedores, a publicitária Vanessa Ferreira, de 35 anos, e o cineasta Sergio Cuevas, de 52. Desde abril, o espaço vem promovendo eventos todos os sábados, das 15 às 23 horas. 

Desde abril, espaço vem promovendo eventos todos os sábados, das 15 às 23 horas. Na foto, Vanessa e Cuevas Foto: Werther Santana/Estadão

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“Por enquanto, estamos em soft opening. Em breve vamos funcionar diariamente”, promete Vanessa. “É uma experiência, então precisamos testar o lugar, sem incomodar o entorno. Tudo com muito cuidado e muito carinho”, completa Sergio.

O andar está dividido em 12 salas comerciais e um amplo terraço. Antes, funcionava como escritórios. Estava fechado havia dois anos, quando a dupla decidiu alugar tudo no fim do ano. Eles não revelam o valor investido – mas só de condomínio, conforme o Estado apurou, a despesa mensal é de R$ 16 mil. Nas salas já estão funcionando um brechó descolado, um espaço de coworking, ateliês de artistas, uma livraria, oficina de grafites, espaço para cursos livres – de crochê a design de calçados. Em breve, devem ser inaugurados o estúdio de som, a sala de leitura e uma espaço para impressoras 3D, entre outras ideias. 

Vista

O terraço é a cereja do bolo. Ali, com uma vista interessante da Rua Augusta, todos os sábados têm ocorrido apresentações musicais e um pequeno bar está em funcionamento. Há planos de instalação de um restaurante e de um cinema. 

“Acreditamos que o espaço de convivência possa servir para revitalizar a região”, diz Cuevas. A iniciativa da dupla vem sendo vista com bons olhos pelos outros condôminos da Galeria Ouro Fino. Atualmente, 22 dos 100 conjuntos estão desocupados. O local, antes point de descolados principalmente interessados em peças de estilo e tendências de vestuário, tem se transformado. Agora, as lojas dividem espaço com salões de cabeleireiro, escritórios de representantes comerciais e joalherias.

“Se vai dar certo, é uma incógnita, até pelo difícil momento econômico do País”, diz a síndica Zizi Serrano, ressaltando que nos últimos anos a pedida de aluguel no centro comercial caiu quase 25% – um conjunto custava, em média, R$ 2 mil, agora é locado por cerca de R$ 1,5 mil. “Mas estou otimista. Desejo o sucesso deles e vou colaborar no que eu puder. Acredito que isso possa trazer um novo público para a galeria.”

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A pedido dos inquilinos do terraço, aliás, ela já mandou trocar a sinalização indicativa da cobertura. Em vez de Laje, Rooftop Augusta. “O interessante é que na convenção do condomínio, de 1962, a nomenclatura utilizada era ‘roof’”, comenta a síndica.

Filme

Apaixonado pela Galeria Ouro Fino, onde já chegou a ter a sede de sua produtora, o cineasta Sergio Cuevas está produzindo um documentário sobre o icônico endereço – e sua relação com o entorno, no caso a famosa Rua Augusta. “Estou pesquisando fotos e vídeos e coletando depoimentos das pessoas”, diz ele, que durante o soft opening tem realizado projeções de imagens antigas da região nas paredes do terraço. “A ideia é transformar essas memórias afetivas em um filme.”

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