Tempo gasto na Bandeirantes está até 20,6% menor

Tráfego nos 7 km da via entre a Imigrantes e a entrada da [br]Marginal flui melhor após abertura do Trecho Sul do Rodoanel

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Por Renato Machado e Eduardo Reina
Atualização:

A barreira sobre rodas formada por caminhões na pista da direita da Avenida dos Bandeirantes, na zona sul, não existe mais desde que o Trecho Sul do Rodoanel foi aberto ao tráfego na semana passada. O resultado é comemorado pelos motoristas, que conseguem diminuir em até 20,6%, em média, o tempo gasto no trajeto de 7 km entre o acesso da Rodovia dos Imigrantes até a Ponte Ary Torres, na entrada da Marginal do Pinheiros. Esse porcentual é resultado de medições feitas pela reportagem do Estado, que percorreu a via várias vezes no período de pico da manhã no dia 30 de março, ainda sem o Trecho Sul em operação, e ontem, com o Rodoanel ampliado e sem a influência do retorno do feriado.O período da manhã - entre 7h30 e 9 horas -, quando a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registra mais de 5 km de lentidão no sentido Marginal do Pinheiros da Bandeirantes, é um martírio para motoristas que precisam passar pela via que liga a zona sul da capital até a Marginal. A avenida também é usada por caminhões que saem da Baixada Santista e região do ABC com destino ao interior. "Se eu chegar na Bandeirantes antes das 6h30, consigo andar um pouco. Se atraso 10 minutos, é um problema. Não anda", reclama Raquel Silveira, que mora no Ipiranga, zona sul, e trabalha em Cotia. Diariamente ela percorre a Bandeirantes até a Marginal do Pinheiros para ir ao trabalho. Pico da manhã. No dia 30 de março, o Estado percorreu duas vezes esse percurso no pico da manhã. Em um deles, levou 48 minutos e, no outro, 44 minutos. Esses 44 minutos para percorrer 7 km equivalem a uma velocidade média de 159 metros por minuto, ou meros 9,54 km/h. Para ter uma ideia do desgaste que é esse trânsito, um gato doméstico consegue percorrer até 800 metros em um minuto.A inauguração do Trecho Sul do Rodoanel fez esse tempo cair, mesmo quando a comparação é feita entre um dia em condições climáticas normais e outro com chuva forte. Ontem, por exemplo, a cronometragem cravou 38 minutos e 35 minutos nos mesmos 7 km, uma diminuição de 13,6% e 27%, respectivamente.Muito em decorrência das fortes chuvas, a Avenida dos Bandeirantes não ficou totalmente livre dos congestionamentos, como havia ocorrido na segunda-feira - nessa data, a redução na lentidão chegou a 75%. A CET chegou a registrar 7 km de congestionamentos na pista sentido Marginal, ou seja, toda a via estava travada. No entanto, as paradas foram menos duradouras em relação à terça-feira passada. O trecho entre o Aeroporto de Congonhas e a entrada da Avenida Santo Amaro, por exemplo, tradicional gargalo da via, ontem fluía com menos dificuldade. Já no sentido contrário, partindo da Ponte Ary Torres até a Imigrantes, o tempo foi infinitamente menor. Nesse período o fluxo de trânsito é muito menor que o da outra pista. No dia 30 de março, o carro da reportagem demorou 10 minutos nas duas vezes. Ontem, foram 9 minutos, aproveitando uma sequência de semáforos abertos em uma das passagens e oito vezes em outra, resultando em uma diminuição de 10% e 20%, respectivamente.Exportação. Para Cristiano Cecatto, especialista em logística e gerente executivo da Qualilog Consulting, ainda é muito cedo para tirar alguma conclusão sobre os efeitos do Rodoanel no trânsito de São Paulo. "Era um resultado esperado a diminuição do número de caminhões e a facilidade para outros veículos transitarem na Avenida dos Bandeirantes com a abertura do Trecho Sul", diz. Entretanto, Cecatto destaca a necessidade de se levar em conta os períodos de exportação para conseguir quantificar o número de caminhões que vão circular pelos corredores paulistanos."O Brasil não tem exportação contínua e linear todos os meses. No período de safra agrícola, há mais caminhões nas ruas. Quando o mercado de eletrônicos se aquece, há mais caminhões com destino ao Porto de Santos e o trânsito fica mais complicado. Atualmente, a economia está mais em baixa. Assim não conseguimos quantificar essa melhora, apenas medimos tempo de viagem", explica.O empresário James Akel, que mora na Rua Uapixana, uma travessa da Bandeirantes no bairro de Indianópolis, comemora a diminuição de caminhões transitando pela avenida, mas também prefere esperar mais alguns dias para conferir como o trânsito vai se comportar - e se a melhora será definitiva. "É melhor esperar mais um tempo para ver se essa diminuição se consolida e o trânsito permanece melhor ou se isso é apenas uma situação de momento", considera o empresário.PARA LEMBRARPrefeitura estuda proibir caminhõesApesar da melhoria na fluidez, a Avenida dos Bandeirantes ainda deve passar por mudanças nos próximos meses. A Secretaria Municipal dos Transportes ainda estuda proibir a circulação de caminhões na via. O titular da pasta, Alexandre de Moraes, chegou a dizer em julho do ano passado que a medida seria adotada assim que o Trecho Sul do Rodoanel fosse inaugurado."Não vão mais passar caminhões. Com o Rodoanel, não há nada que explique caminhão na (Avenida dos) Bandeirantes", afirmou na ocasião.No dia da inauguração, no entanto, Moraes informou que a adoção ou não da medida ainda vai depender da conclusão de estudos realizados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). A previsão é que uma decisão seja tomada entre 60 e 90 dias. Os técnicos querem verificar se os caminhões migram naturalmente para o Rodoanel ou se será necessária uma proibição.No próximo ano, porém, começará a cobrança de pedágio no Trecho Sul, fator pode mudar esse direcionamento. Caso não haja proibição, muitos caminhões devem voltar para a Avenida dos Bandeirantes para fugir da taxa.

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