Tem muito boato no setor de transporte, diz Tatto sobre o PCC

Em entrevista à 'Rádio Estadão', o secretário municipal de Transportes cobrou investigação da polícia e do Ministério Público

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse na manhã desta quinta-feira, 21, em entrevista à Rádio Estadão, que há "muito boato" no setor de transporte sobre a ligação de cooperativas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e voltou a cobrar investigação da polícia e do Ministério Público.

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"Não sei se existe. Se soubesse, avisaria a polícia e o Ministério Público. A questão do crime organizado na cidade tem muito boato relacionado com o setor do transporte", disse Tatto. "Temos uma pessoa da SPTrans (São Paulo Transporte) em contato direto com o secretário de Segurança Pública (Alexandre de Moraes) para monitorar. Porque isso é grave." 

Às vésperas do lançamento do edital de licitação que pretende criar uma nova rede de transportes, em junho, cooperativas têm sido investigadas pelo Ministério Público, conforme revelado pelo Estado.

Em entrevista à 'Rádio Estadão', osecretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, considerou 'grave' as supostas ligações do setor de transportes com o PCC Foto: Serjão Carvalho/Estadão

O secretário afirmou que tem prestado esclarecimentos para polícia e MP de forma sigilosa e que, se for constatada a relação de alguma empresa com o crime organizado, será banida da disputa pela nova rede de transportes.

"Se você tem um proprietário de empresa que tem relação com o crime, compromete o processo licitatório. Esse cuidado a gente tem."

O custo da licitação é de R$ 6 bilhões anuais pelas próximas duas décadas, o que totaliza R$ 120 bilhões. 

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Tatto disse que o edital de licitação da nova rede de transportes está em elaboração e que serão criadas cinco redes baseadas no modelo das linhas noturnas.

Além das noturnas, a ideia é ter linhas circulares (dentro do bairro), interbairros (de um bairro para outro), tradicionais (as radiais) e as perimetrais (passa por fora da cidade interligando zonas). A ideia é descentralizá-las.

"Vamos fazer ação no Campo Belo, Vila Mariana, Pinheiros, Vila Madalena e Tatuapé. São linhas circulares que vamos implantar e que não tem na cidade", afirmou. 

Segundo Tatto, desde a criação da Rede Noturna de Ônibus, em fevereiro deste ano, o número de passageiros do transporte público subiu 46%, o que corresponde a cerca de 100 mil usuários.

No modelo noturno, a Prefeitura se compromete a oferecer percurso de 15 minutos entre terminais e de 30 minutos para bairros. "O ônibus sai no horário certo, passa pelo ponto sempre no mesmo horário e chega ao fim do ponto no mesmo horário. Éque chamamos de operação controlada. Vamos começar a implantar aos domingos em julho", disse.

O próximo passo será expandir o serviço para os sábados, em seguida aos horários de entrepico e, por fim, de pico.

O modelo previsto no edital de licitação vai considerar empresas, e não mais cooperativas. "O Ministério Público, em conversas, diz que é mais fácil fiscalizar empresa do que cooperativa. E, para o gestor, é melhor empresa porque você conversa com o dono, não com o diretor."

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Na última terça-feira, 19, o Estado revelou que membros das antigas cooperativas de lotações de São Paulo relatam rotinas de extorsão e ameaças praticadas pelos diretores das novas empresas de transporte de São Paulo. Os casos vão desde falta de pagamento a pressões para que as lotações sejam vendidas para as empresas.

Secretarias. Nesta quinta-feira, o Estado publicou que a gestão Fernando Haddad (PT) transferiu, no sábado, o edital de licitação de três corredores de ônibus, todos promessas de campanha, da Secretaria Municipal de Transportes para a de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb).

Com a medida, a licitação deverá deixar de ser analisada pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) Edson Simões, que já barrou 15 licitações do prefeito, para ser acompanhada pelo conselheiro João Antonio - que já fez parte da gestão petista. Haddad nega que a decisão seja de manobra política.

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