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Suspeito de atropelar 16 pessoas se apresenta e é liberado pela polícia

Renan Bento da Silva, de 26 anos, alegou que perdeu o controle do veículo e pediu desculpas às vítimas: 'minha intenção não era essa'

Por Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO - O motorista suspeito de atropelar 16 pessoas na saída de uma igreja na manhã do último domingo, Renan Bento da Silva, de 26 anos, apresentou-se à polícia na tarde desta quinta-feira, 13, e alegou que perdeu o controle do veículo. 

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O acidente ocorreu no último domingo na Vila Medeiros, zona norte da capital. Segundo a polícia, o laudo pericial constatou que o Fiat Marea conduzido por Silva estava a 118 km/h no momento da colisão. Após ser ouvido, o suspeito foi liberado. Na manhã desta quinta, Kauan Israel Castro da Silva, de 3 anos, que foi atropelado com o grupo, teve morte encefálica constatada, segundo o Hospital das Clínicas. Ele chegou a ser submetido a uma cirurgia no abdome.

Segundo o delegado titular do 39º DP (Vila Gustavo) Marco Antonio Dario, Silva negou que estivesse em alta velocidade e afirmou que foi fechado por outro carro. A polícia contesta a versão. "O laudo pericial apontou 118 km/h e ele foi confrontado com esse laudo. Ele disse que tinha sido fechado por outro veículo, o que também não corresponde com a verdade. No local, a marca da frenagem está em linha reta."

Renan: "Queria pedir perdão para as vítimas pelo ocorrido. Minha intenção não era essa, não queria machucar ninguém" Foto: José Patrício/Estadão

Ainda de acordo com o delegado, o suspeito disse que não prestou socorro às vítimas por medo de ser agredido. Não havia testemunhas. Como ele poderia ser linchado se só havia as vítimas, que estavam feridas, no local?", questiona Dario.

Em depoimento, o suspeito negou ainda que era dono das 24 embalagens com maconha e dos 15 pinos de cocaína encontrados no veículo. Silva tem passagem por porte ilegal de armas, segundo a polícia. "A droga estava acondicionada em condições típicas de tráfico: em pequenas porções e dentro de uma sacola plástica", explicou o delegado.

A mulher que estava no carro com Silva, identificada como Michele Cristina Reis, de 21 anos, também prestou depoimento nesta quinta. Ela disse que estava em um relacionamento com o suspeito havia um mês e confirmou que o motorista fugiu sem ajudar os feridos. Ela negou saber da existência das drogas e também foi liberada.

A polícia investiga se uma terceira pessoa, apontada por uma das vítimas, estava no veículo no momento do acidente, pois Silva e Michele contaram que estavam sozinhos. Dario diz que o suspeito deve ser indiciado por homicídio com dolo eventual, tentativa de homicídio e tráfico de drogas. A prisão dele será pedida à Justiça, segundo o delegado.

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Revolta. Após prestar depoimento, Silva pediu desculpas às vítimas do acidente. "Queria pedir perdão para as vítimas pelo ocorrido. Minha intenção não era essa, não queria machucar ninguém." Ao sair da delegacia, ouviu gritos de "assassino" de pessoas que se aglomeraram na porta do local. "Eu me revolto, porque tenho um filho de 8 anos e uma criança morreu. Ele vai ficar solto, isso não é justiça", reclamou o segurança Hélio Carlos Cano, de 30 anos.

Vítima do acidente, o pastor da Igreja Visão de Águia Washington Pirola, de 43 anos, continua internado em estado grave na Santa Casa. A mãe de Kauan, Katia de Castro Silva, de 33 anos, está internada no Conjunto Hospitalar no Mandaqui, mas está estável e consciente.

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