A adolescente F.G.S, 17 anos, denunciou seu tio nesta quinta, 14, por mantê-la em cárcere privado há oito anos e ter abusado sexualmente dela com frequência. Ela fugiu na noite de quinta de sua casa, no Butantã, zona oeste de São Paulo.
Policiais foram até a residência do caseiro J.P.B.S, 46 anos, mas só encontraram sua mulher, com quem tem dois filhos, de 8 e 9 anos. Ela forneceu aos PMs o telefone celular do marido. Para atrair o acusado, os policiais ligaram e disseram que a menina estava na sede da Companhia e não sabia voltar para casa. Ele foi preso no momento em que chegou ao local, por volta das 21 horas, para buscá-la.
F. contou à polícia que levou uma surra de vassouradas do tio na tarde da quinta com golpes que atingiram seus braços e pernas, pois ele achou que a jovem havia tirado a sobrancelha. A adolescente conseguiu fugir por volta das 20 horas, quando encontrou a chave do portão de casa. Ela procurou a 3ª Companhia da PM, que fica ao lado do 51º Distrito Policial (DP), próximo à chácara onde mora.
A delegada plantonista do 51º DP solicitou à Justiça a prisão temporária do caseiro por cárcere privado, abandono intelectual, lesão corporal e atentado violento ao pudor.
A jovem foi levada ao Hospital Pérola Byington e passou por exames para detectar a extensão dos abusos. Os resultados levam de 15 a 30 dias para ficarem prontos. Ela afirmou aos policiais que sofria violência sexual desde os 9 anos, quando foi trazida pelo tio de Minas Gerais, onde morava com a avó materna.
O cárcere
Conforme a tenente Iara Maria de Oliveira, F. declarou que não podia sair de casa sem o tio, permanecia trancada e sem comunicação e nunca foi levada ao médico ou ao dentista. Ela disse que estudou apenas até a 3ª série do Ensino Fundamental, quando morava em Minas Gerais, e que foi impedida pelo tio de ir à escola.
Segundo o depoimento da vítima, J. tinha um ciúme excessivo da sobrinha e abusava sexualmente dela quando estavam sozinhos em casa ou nos momentos em que o restante da família dormia. O último teria ocorrido na quarta, 13. A jovem disse também que era ameaçada para que não revelasse nada. A esposa do acusado afirmou à polícia que desconhecia os abusos, mas que estranhava o ciúme do marido pela adolescente.
Segundo a tenente, o caseiro confirmou que bateu na sobrinha com a vassoura, mas negou os abusos sexuais e o cárcere privado. J. chegou a dizer que era a sobrinha quem tentava seduzi-lo. Ele também alegou ser evangélico e frequentar cultos.