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Sindicância conclui que aluna da USP sofreu abuso sexual

Estudantes envolvidos podem ser expulsos; primeira investigação apontou que relação sexual havia sido consensual

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:
Sindicância conclui denúncia de 2013 sobre estupro dentro do campus da USP;Dois alunos envolvidos deverão ser punidos. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Atualizada às 18h55

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SÃO PAULO - O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), José Costa Auler, disse nesta quinta-feira, 15, em CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo, que foi concluída uma nova sindicância sobre o caso de uma aluna que denunciou ter sido estuprada em 2013, em uma festa organizada por estudantes da instituição. No parecer da comissão que apurou o caso, ficou concluído que houve abuso sexual e os dois alunos envolvidos deverão ser punidos.

Os alunos acusados poderão ser expulsos - um é estudante do sexto ano e outro já terminou o curso e está em processo de residência.

Na primeira sindicância feita no ano passado na faculdade, os professores da comissão afirmaram que a relação sexual havia sido consensual. Em depoimento nesta quinta-feira na CPI das Universidades, a aluna do 5.º de Medicina, de 22 anos, que pediu para não ser identificada, acusou a comissão de ter forjado seu relato sobre o caso. 

Ela disse que teve acesso aos documentos dessa sindicância e que o depoimento que constava como seu não era verdadeiro. Auler afirmou que confia nos professores que faziam parte da comissão, mas que vai apurar a denúncia.

A aluna declarou à CPI que sequer assinou o depoimento oral dado na primeira sindicância, de 2013. O procedimento mudou na segunda vez. "A primeira comissão era composta de três homens e uma mulher. A segunda, de três mulheres e um homem", ressaltou. 

Segundo o diretor da instituição, a primeira sindicância era apenas uma "apuração preliminar que não se satisfez". Ele afirmou que encaminhará à procuradoria da USP pedido de apuração sobre a suposta falsidade ideológica relatada pela jovem no primeiro processo de investigação.

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A sindicância foi reaberta depois de a aluna ter revelado o estupro em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, realizada no final do ano passado. Além dela, outra estudante afirmou ter sido violentada, o que motivou a criação da CPI.

Outros casos. Além da jovem, uma aluna do coletivo feminista Geni e outro estudante de medicina participaram da CPI para repetir os relatos de trotes abusivos e denunciar o que, segundo eles, seria a propagação de cultura machista na instituição. 

O deputado Adriano Diogo, que preside a CPI, questionou o resultado das apurações internas e afirmou que se a sindicância já "nasce morta", sem apoio da universidade, não haverá investigações. 

Medidas. Auler Junior ressaltou que ficou "envergonhado" com os acontecimentos, mas que nunca omitiu nenhum dos casos que foram levados formalmente à Fmusp. "Deixo compromisso público com vocês de aprimorar os mecanismos da instituição e de modificar esta cultura". disse.

Ele também aproveitou a ocasião para exibir o "pacote" de medidas de prevenção ao estupro e à violência, que incluem a criação de uma ouvidoria própria na Fmusp, e integração de disciplinas de direitos humanos no curso. 

Outra novidade anunciada pelo diretor é que a recepção dos calouros em 2015 deverá ser "diferente", com a presença dos pais e com orientações sobre onde relatar eventuais abusos e violências. "A Faculdade de Medicina é uma instituição que busca resolver todos os problemas e servir de modelo a outras instituições", disse.

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