Serra culpa crise pelo aumento da criminalidade em SP

'Houve um calombo no primeiro semestre de 2009, em função do desemprego e da crise', diz governador

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Por Carolina Freitas e da Agência Estado
Atualização:

Dois dias depois da divulgação de dados que mostram aumento nos índices de criminalidade no Estado de São Paulo, o governador José Serra (PSDB) falou nesta quinta-feira, 4, pela primeira vez sobre o assunto. Para o tucano, a elevação do número de crimes de 2008 para 2009 ocorreu por causa da crise econômica mundial, que teve efeitos no Brasil no ano passado. "Cresceu a média (de crimes) no ano porque houve um calombo no primeiro semestre de 2009, em função do desemprego e da crise", afirmou, após participar de evento da Secretaria da Saúde, em um hospital da zona sul da capital paulista.

 

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Após ter saído ontem de um evento no Palácio dos Bandeirantes sem atender a imprensa, o governador tentou justificar hoje porque não falou antes sobre a criminalidade. "Eu já expliquei isso mais de uma vez, em uma entrevista à RedeTV na segunda-feira", disse, em referência a sua participação no programa da apresentadora Luciana Gimenez.

 

Na atração, Serra conversou com a modelo por 25 minutos sobre os feitos de sua gestão na área da Segurança Pública. Na oportunidade, o governador não citou dados do último balanço de crimes, que só foram conhecidos após reportagem publicada na edição de terça-feira do jornal O Estado de S. Paulo. "Na terça-feira, eu estava pronto para responder, mas fui a três cidades e ninguém da imprensa perguntou." Nesse dia, Serra teve compromissos em Registro, Iguape e Itu, no interior do Estado.Para o governador, os números devem melhorar nos próximos meses. "A tendência recente é de queda." Segundo Serra, a quantidade de homicídios caiu 4,7% na comparação entre o último trimestre de 2008 e o mesmo período de 2009. "Houve uma ação muito firme da polícia para reverter o aumento de crimes do início de 2009. Prova disso é que, no fim do ano passado, a criminalidade ficou menor do que em 2008.Serra atribuiu ainda o aumento de crimes menos graves, como furtos e roubos, à subnotificação de ocorrências em 2008, ano em que a Polícia Civil passou meses em greve. "Houve uma elevação artificial em 2009."Força PúblicaO governador disse também que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que enviou esta semana à Assembleia Legislativa para mudar o nome da Polícia Militar para Força Pública tem intuito "institucional", para resgatar uma tradição da corporação. "Força Pública é o nome tradicional da PM, como é o caso da Brigada Militar, no Rio Grande do Sul", disse. "O comando da PM nos pediu e mandamos o projeto. Não tem nenhuma conotação de natureza política. A conotação é institucional, para recuperar uma tradição centenária de São Paulo."Questionado sobre as cobranças de policiais para que o governo e o Legislativo dessem prioridade a outros projetos, voltados à carreira e ao salário da categoria, Serra disse desconhecer às críticas. "Não estou sabendo disso."SaúdeO governador paulista - possível candidato do PSDB à Presidência nas eleições deste ano - inaugurou hoje áreas reformadas do complexo do Hospital São Paulo. Em discurso para cerca de 300 médicos e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Serra autoelogiou sua atuação como ministro da Saúde, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)."Foi na minha gestão no Ministério da Saúde que demos um grande salto no número de transplantes. Os procedimentos triplicaram. Avançamos muito", disse o tucano. "Essa foi a estrutura que montamos na época do ministério. A gente vem investindo nesse hospital há tempos."O vereador Gilberto Natalini (PSBD) disse sentir saudade do trabalho do governador no âmbito federal. "Nós, brasileiros que gostamos da Saúde, temos muita esperança que o senhor volte ao comando não só da Saúde do Brasil, mas a um comando mais generalizado, para que a gente possa colocar esse País nos trilhos e matar a saudade dos tempos em que o senhor foi ministro da Saúde", disse o parlamentar.Os R$ 5,2 milhões destinados pela Secretaria de Estado da Saúde para o Hospital São Paulo foram aplicados em obras e na compra de equipamentos para o Hospital do Rim e da Hipertensão e para o Centro Cirúrgico do Departamento de Oftalmologia da Unifesp.Quando saía do centro oftalmológico, Serra foi abordado na rua pelo motorista de ônibus José Pereira, de 54 anos. Cego do olho direito por causa de um acidente de trânsito, Pereira pediu ao governador uma prótese ocular. O motorista está em tratamento na Unifesp desde 1986 e conseguiu marcar para este mês uma cirurgia de correção, mas não teria direito a colocar a prótese. "Eu ficaria com um buraco no lugar do olho", disse Pereira. Serra o apresentou ao diretor do centro e prometeu: "Vai resolver, viu."

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