'Serial killer' de Itaquaquecetuba é suspeito de matar 8 homens em 2 meses

O feirante Ronis de Oliveira Bastos agia sempre de bicicleta e já foi reconhecido como autor de pelo menos 4 mortes; escolha do alvo era aleatória

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Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz e William Cardoso
Atualização:

Um feirante de 22 anos foi preso anteontem sob suspeita de ter matado oito pessoas em um período de dois meses na cidade de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Segundo a polícia, Ronis de Oliveira Bastos já foi reconhecido como o autor de quatro mortes, além de duas tentativas de homicídio. Os crimes aconteceram no Jardim Luciana, bairro que faz divisa com Poá. Em pelo menos metade das ocorrências, o suspeito teria agido em cima de uma bicicleta azul.O histórico mostra que a escolha dos alvos era aleatória, com apenas uma exceção: todas as vítimas são homens, na faixa etária dos 20 aos 50 anos. Na lista há serventes de pedreiro, fiscal de loja, moradores de rua e dono de lan house. O primeiro caso ocorreu em 5 de outubro - outros nove foram registrados desde então na região. A maioria dos mortos foi alvejada com mais de um disparo. No início da série de assassinatos, o autor usou um revólver calibre 28, que acabou sendo levado, durante confronto, por uma das vítimas que escaparam da morte. "Achamos estranho, porque é incomum alguém usar uma arma com esse calibre", disse o delegado Eduardo Queiroz, responsável pelo caso. Depois de ter agido pela terceira vez, o matador passou a atirar com calibre 38. Segundo a polícia, apenas um dos homens foi morto a facadas - seria a segunda vítima do feirante.Prisão. Bastos foi preso em flagrante, por porte ilegal de arma. O suspeito andava com a mesma bicicleta relatada pelas vítimas quando foi abordado por policiais na Rua Assis Chateaubriand. Ele carregava o revólver calibre 38. A arma era usada, segundo ele, para defesa pessoal. O feirante contou à polícia que estava sendo ameaçado e, por isso, precisava estar pronto para se defender.De acordo com as investigações, no entanto, Bastos é que ameaçava os moradores do bairro. Testemunhas já haviam relatado à polícia que o suposto "serial killer" era um homem branco, jovem, baixo e com uma particularidade: só andava de bicicleta pelas ruas do Jardim Luciana.Anteontem, com o perfil do suspeito traçado, policiais civis, com o apoio da Guarda Civil e da Polícia Militar, iniciaram o trabalho de buscas pelo bairro. No último fim de semana, dois homens foram assassinados a tiros e outro sobreviveu a uma tentativa de homicídio - foi o depoimento dele que possibilitou aos policiais chegar à descrição perfeita do feirante.Após a prisão, Bastos forneceu à polícia um endereço falso. Segundo investigações do Setor de Homicídios da Polícia Civil, a casa apontada por ele está vazia desde que a mãe do suspeito mudou-se para o Sul do País por ter sido ameaçada de morte pelo filho. A polícia afirma que a mulher sabia dos crimes cometidos desde outubro e planejava denunciar o feirante mas, com medo de morrer, decidiu abandoná-lo em Itaquaquecetuba.Ninja. Na casa verdadeira do suposto matador, os policiais encontraram seis cápsulas deflagradas de munição calibre 38, idênticas às usadas nos oito homicídios. Também foram apreendidas uma touca ninja e uma mochila onde a arma era escondida.De acordo com o delegado, o suspeito não demonstra qualquer emoção quando acusado de ser um assassino em série. "Ele é muito frio, não tem fisionomia nem expressão. Não chora. Ele foi bastante cansativo durante todo o interrogatório, não é uma pessoa normal. Quando perguntei se havia matado as oito pessoas, foi simples na resposta. Apenas disse que não, sem se alongar", afirmou Queiroz.Após a prisão, moradores do bairro tentaram linchar Bastos e precisaram ser contidos por policiais. A polícia solicitou exame residuográfico para a arma, que poderá confirmar se o feirante é o responsável pela série de mortes que ocorreram no Jardim Luciana nos últimos dois meses. Depois de prestar depoimento, ele foi encaminhado à Cadeia Pública local.

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