A falta de creche obrigou uma adolescente de Franca (SP) a levar o filho junto com ela para a escola, onde foi barrada ao tentar entrar na sala de aula. Francine Vicente Costa, de 17 anos, conta que fez isso porque desde o ano passado tenta um local para deixar o filho Lucas, de 1 ano, e se desesperou após faltar às aulas uma semana e ser informada pela escola de que perderia a vaga.
Na unidade de ensino, porém, foi impedida de entrar com o filho nesta terça-feira, 14, sob o argumento de que não tinha como estudar na companhia do bebê. "Falaram que a presença dele ia atrapalhar a atenção dos alunos", explicou ao Estado.
Ela está matriculada no último ano do ensino médio na Escola Professor Israel Niceus Moreira, na Vila Santa Efigênia. "Meu sonho é fazer faculdade", falou.
O Conselho Tutelar foi acionado e o caso, encaminhado para o Ministério Público. O conselheiro Marcelo Mambrini diz que cerca de 2 mil crianças estão sem vagas na cidade e que são muitas as reclamações de mães prejudicadas. Porém, é a primeira vez que ocorre algo assim.
"A estudante estava coberta de boas intenções, mas realmente é complicado ficar com o bebê na escola".
Ele contou que os casos de falta de creche geralmente são encaminhados para a Defensoria Pública, que às vezes consegue na Justiça obrigar a prefeitura a conseguir a vaga.
Rosângela Vicente, mãe da adolescente, conta já ter recorrido à Defensoria e conversado na prefeitura, mas sem obter êxito. "Minha filha quer estudar, mas sem ter onde deixar a criança pelo menos meio período, fica impossível", lamentou.
Obras. Procurada para falar sobre o assunto, a assessoria de imprensa da prefeitura informou que realmente não há vagas disponíveis para o filho da estudante. Mas que esta foi uma situação excepcional e que está sendo procurada uma saída para o problema.
A responsável pela Central de Vagas em Creches, Carmem Peliciari, confirmou que o caso é acompanhado. Na cidade oito creches estão em construção, mas apenas três delas têm previsão de término, o que deve ocorrer em março.
As outras cinco tiveram as obras abandonadas pelas empreiteiras. Denúncias do Ministério Público, que citam ainda engenheiros da prefeitura, apontam o desvio de mais de R$ 500 mil na construção.