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São Paulo planeja adotar cadastro prévio para combater roubo de celular

Secretaria da Segurança quer adotar modelo criado por Pernambuco, em que o cidadão fornece dados do aparelho antes de eventual crime visando a facilitar o bloqueio e a devolução, em caso de recuperação pela polícia

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Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:

SÃO PAULO - A Secretaria da Segurança de São Paulo planeja passar a adotar um sistema de cadastro prévio de celulares para combater o roubo e o furto desse tipo de equipamento. O novo modelo, ainda em fase de planejamento, permitiria ao cidadão cadastrar o seu aparelho em um site, com informações pessoais e de identificação do celular, para facilitar o bloqueio e a devolução em caso de recuperação do objeto pela polícia. 

Sistema facilitaria bloqueio e devolução de aparelho à vítima Foto: Amanda Perobelli/Estadão

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As informações foram divulgadas nesta sexta-feira, 23, pelo secretário da Segurança do Estado, Mágino Alves Barbosa Filho. Segundo ele, a inspiração é o programa Alerta Celular, criado pela Secretaria da Segurança do Estado de Pernambuco. “Tivemos um encontro de secretários em que isso foi mostrado. É bem simples de ser feito e tem um resultado realmente positivo”, disse Mágino. Técnicos da pasta paulista estão em contato com os criadores do programa pernambucano para buscar informações sobre como implementar o programa.

São Paulo já possui um sistema que permite o bloqueio do IMEI (número de identificação do celular) em caso de crime. A vítima, no boletim de ocorrência, tem de informar esse dado de identificação para que a pasta realize o bloqueio junto à Anatel. Em muitos casos, as vítimas não se recordam desse número, o que impossibilita o bloqueio. A solução, então, seria realizar um cadastro prévio. 

Em setembro do ano passado, o Estado mostrou que metade das ruas da cidade de São Paulo teve ao menos um roubo de celular registrado do início de 2016 até agosto de 2017. Foram cerca de 32 mil ruas afetadas por mais de 208 mil ocorrências de um dos crimes que atingem o morador da capital com mais frequência. Ainda que a região central tenha tido a maior incidência, o roubo do aparelho passou a ser considerado “democrático” por especialistas: deixou de ser característico de uma zona e hoje é notado em vias de todas as partes da cidade. 

VEJA CASOS DE ROUBO DE CELULAR NA CIDADE DE SÃO PAULO ENTRE JANEIRO DE 2016 E AGOSTO DE 2017

“O cidadão com seu celular vai e faz o cadastro (com os dados pessoais). Em caso de roubo ou furto, ele informa o caso em um ícone no mesmo sistema, o que permite que haja acompanhamento pelas forças de segurança”, disse Mágino. O secretário lembrou que não deixar de ser necessário o registro do boletim de ocorrência. Com a identificação em mãos, a polícia poderia devolver o aparelho ao dono em caso de recuperação.

“Isso não requer uma tecnologia extraordinária, mas requer um engajamento do cidadão para que o cadastro seja realizado”, acrescentou o secretário de São Paulo. De acordo com ele, a análise feita no momento é para adaptação à realidade populacional do Estado. Enquanto Pernambuco tem cerca de 9 milhões de habitantes, São Paulo tem 45 milhões. A pasta planeja que ainda neste ano o novo sistema seja adotado. 

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Carnaval. As informações foram divulgadas nesta sexta, dia em que também se tornaram públicos os dados da criminalidade durante o mês de fevereiro. Mágino aproveitou para destacar que a taxa de furtos de celular por 100 mil foliões durante os festejos do carnaval na capital caiu de 168 para 93. 

A taxa foi elaborada pela secretaria, que não informou o número absoluto de furtos, esclarecendo que houve crescimento no total, mas como havia mais foliões no feriado, a taxa foi reduzida. A reportagem questionou o método usado para estimar o público no carnaval, e a pasta informou ter usado o número elaborado pela Prefeitura. A gestão do prefeito João Doria (PSDB) havia informado que, nos quatro dias de carnaval, cerca de cinco milhões de pessoas aproveitaram a festa na cidade. No comunicado em que divulgou a estimativa, a Prefeitura não informou como chegou ao número de foliões.

Durante o mês de fevereiro no Estado, o número total de furtos subiram 8,7%, chegando a 46,1 mil casos. Na capital, o aumento foi maior: 24,7%, passando de 18,3 mil para 22,8 mil. Na Grande São Paulo, a alta nesse tipo de crime foi de 1,8%. No interior, os furtos tiveram queda de 4,7%, chegando a 18,8 mil em fevereiro.

O secretário citou Nova York para dizer que o furto de celular, por exemplo, é um tipo de crime comum até em cidades seguras. “Aglomerações propiciam esse tipo de ação delituosa, isso acontece em qualquer parte do mundo inclusive. Se você for para Nova York, você vai ver...Nova York é conhecida pela tranquilidade, pela política de segurança. Você vai ver em Times Square placas avisando cuidado porque você na aglomeração ser vítima de uma subtração.”

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Indicadores. A Secretaria da Segurança divulgou outros indicadores de criminalidade do mês de fevereiro. No Estado, homicídios (-19,9%), latrocínio (-35,2%), roubos (-11,7%) e roubos de carga (-13,8%) apresentaram queda. O destaque negativo foi para a nova alta no crime de estupro: os casos chegaram a 999 ante 794 no mesmo período do ano passado. 

Mágino ressaltou a importância do registro da ocorrência de estupro para mapeamento e atuação policial. “De 79% a 82% dos casos vítima e agressor se conheciam, o que dificulta a ação dos organismos de segurança. Mas a notificação é importante porque impede a reiteração do delito e leva a prisão dos autores.” 

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