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Sabesp começa a usar volume morto de 39,4 bilhões de litros do Alto Tietê

DAEE liberou acréscimo de reserva técnica em reservatório que atende cerca de 4,5 milhões de habitantes; adicional aumentou nível do sistema para 10,7%

Por Rafael Italiani
Atualização:

Atualizada às 15h19

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SÃO PAULO - O acréscimo de um "volume morto" com 39,4 bilhões de litros de água no Sistema Alto Tietê - responsável pelo abastecimento de 4,5 milhões de habitantes da capital e da Grande SP - fez o o nível do reservatório voltar aos dois dígitos, após quase dois meses.

Segundo a Companhia de Saneamento e Abastecimento do Estado de São Paulo (Sabesp), trata-se de um "volume adicional" que começou a ser captado neste domingo, 14. Com o acréscimo, o nível do reservatório subiu para 10,7%. A última vez em que o sistema atingiu a mesma marca foi no dia 11 de outubro. Caso o volume adicional não tivesse sido acrescentado para o abastecimento, o Alto Tietê estaria em 4,1%, atingindo o menor nível de sua história, desde a construção, na década de 1990. 

Sabesp começa a usar volume morto de 39,4 bilhões de litos do Alto Tietê Foto: Daniel Teixeira/Estadão

De acordo com a companhia, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão estadual regulador dos mananciais paulistas, liberou a captação dos 39,4 bilhões de litros de água que estão abaixo do nível mínimo operacional da represa Ponte Nova, em Salesópolis, um dos mananciais que forma o Alto Tietê. Em nota, a Sabesp explicou que "esse acréscimo de volume não necessita de bombeamento, sendo possível a retirada através da descarga normal". 

Sabesp começa a usar volume morto de 39,4 bilhões de litros do Alto Tietê Foto: Estadão Conteúdo

Com o acréscimo deste domingo, a capacidade máxima do sistema que é composto pelos reservatórios Paraitinga, Ponte Nova, Biritiba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba subiu de 521 bilhões de litros para 560,4 bilhões. No entanto, como está apenas com 10,7% da capacidade total, o sistema tem apenas 59,9 bilhões de litros. 

Na última terça-feira, 9, a secretaria estadual de Saneamento e Recursos Hídricos admitiu que avaliava utilizar essa reserva adicional que representa um acréscimo de 7,5% no reservatório. Em setembro, o secretário da pasta, Mauro Arce, negou que houvesse um volume morto no reservatório. 

Em outubro, quando estava o Alto Tietê estava com 7,2% da capacidade, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu, em caráter liminar, a suspensão de uma portaria do DAEE, que autorizou a Sabesp a aumentar a produção de água do reservatório de 10 mil para 15 mil litros por segundo para preservar o recurso. No entanto, o juiz Marcelo Sérgio, da 2ª Vara da Fazenda Pública, negou o pedido. 

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Sem bombas. Segundo Rubem La Laina Porto, engenheiro e professor de Hidrologia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), apesar do adicional ser considerado "um volume morto", não há necessidade de usar bombas como é feito no Sistema Cantareira. 

"É necessário que a Sabesp tenha uma autorização para operar abaixo da cota permitida. A água sai do reservatório para o abastecimento com a gravidade, de forma natural. Não houve necessidade de fazer nenhuma obra", explicou o especialista. 

No Cantareira, a Sabesp precisou instalar bombas de captação para conseguir puxar a água do volume morto do reservatório. Hoje, a Sabesp está utilizando a segunda cota de 105 bilhões de litros do sistema. A primeira, de 182,5 bilhões e que começou a ser usada na segunda quinzena de maio, já foi utilizada. 

Nível dos mananciais. Segundo a Sabesp, além do Alto Tietê, outros três reservatórios registraram aumento no nível de água: Guarapiranga, Alto Cotia, Rio Grande e Rio Claro. Já o Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas, apresentou nova queda de 0,1 ponto porcentual, atingindo a marca de 7,3% do nível.

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