Restaurantes antigos põem história à mesa

Carlino Ristorante, fundado em 1881, é o mais antigo em atividade na cidade de São Paulo

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Por Edison Veiga
Atualização:
Gerações. Bianca e Marino (à esq.), do Carlino, com os pais Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

É tanta história que, da entrada à sobremesa, o prato principal pode muito bem ser uma peça de museu. É com o capricho de gerações de proprietários que restaurantes paulistanos conseguem alcançar e ultrapassar os 50 anos de vida. 

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Fundado em 1881, o Carlino Ristorante é o mais antigo em atividade na cidade. Mas não de modo ininterrupto: a casa ficou fechada de 2002 a 2005. Trata-se de um estabelecimento de culinária italiana tradicional, com pratos sobretudo da região da Toscana. 

“A gente nunca quis sair do centro da cidade”, conta Bianca Marino, de 28 anos, que, ao lado do irmão, Bruno Marino, de 31, está aos poucos assumindo o controle da casa.

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Ambos são formados em Gastronomia e, quando dizem “a gente”, estão se referindo a todas as gerações que comandaram o Carlino desde a fundação. Afinal, o Carlino nasceu no centro e todas as vezes que mudou de endereço permaneceu no centro. E, se ficou fechado por três anos, a culpa também é do centro. “Foi uma época em que os restaurantes estavam todos migrando para os Jardins e aí o nosso acabou não resistindo”, relata Bianca.

Com seu tradicional fusilli ao molho bolonhesa, a também italiana Cantina Capuano é o mais antigo restaurante paulistano em funcionamento ininterrupto - abriu em 1907, no Bexiga. As histórias persistem entre as mesas.

O fundador, Francisco Capuano, que comandou a casa até 1961, tinha o prosaico hábito de fechar as portas da casa às 20 horas, todos os dias, não importando quem ficasse de fora. Servia o jantar e, às 22 horas, batia em um ferro para mandar o pessoal embora.

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O economista Ubirajara Laurino, de 53 anos, gosta de se sentar sempre à mesma mesa no tradicional Jardim de Napoli, inaugurado em 1949 e, desde 1968, no mesmo endereço, em Higienópolis, na região central. “Há 12 anos como ali pelo menos uma vez por semana”, conta ele. “Gosto da comida. Mas, principalmente, do bom atendimento. Me sinto em casa.”

Memória. As histórias dos restaurantes acabaram fascinando a chef Janaina Rueda e o jornalista Rafael Tonon. Tanto que eles decidiram escrever um livro: 50 Restaurantes Com Mais de 50 - 5 Décadas da Gastronomia Paulistana, da Editora Melhoramentos.

“Começamos pensando sobre o modus operandi do mercado gastronômico, que é muito mais baseado na novidade do que na memória”, comenta Tonon. “A gente valoriza cantores e autores antigos, mas na gastronomia isso não acontece.”

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