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Redução de velocidade nas Marginais pode ter mudanças, diz Haddad

Em entrevista à 'Rádio Estadão', prefeito afirma que diminuição nas vias é experimental e que eventualmente vá revê-la, se for o caso

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - A redução de velocidade nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, em vigor desde segunda-feira, é experimental e pode sofrer mudanças. Foi o que admitiu nesta terça-feira, 21, o prefeito Fernando Haddad (PT), em entrevista à Rádio Estadão. A medida é alvo de investigação do Ministério Público Estadual (MPE), que pede a divulgação dos estudos prévios que teriam sido feitos pela Prefeitura para justificar a redução do limite para até 50 km/h, caso das pistas locais.

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“Vamos divulgar os resultados (dos relatórios da Companhia de Engenharia de Tráfego). A sociedade vai acompanhar e depois vai poder consolidar esta política ou, eventualmente, rever, se for o caso”, afirmou Haddad, ao ser questionado sobre o primeiro dia da redução de velocidade. Ele falou do Vaticano, onde foi participar de seminário com outros prefeitos sobre escravidão moderna e mudanças climáticas. “É bastante lógico pelo menos experimentar, verificar como, pela redução de velocidade máxima, se consegue uma velocidade média maior”, disse o prefeito.

É a primeira vez que Haddad afirma que a política adotada nas Marginais pode ser “experimental” ou passível de alterações. Os 55 radares espalhados pelas vias, porém, já estão autuando os motoristas de acordo com as novas normas desde segunda-feira. Reportagem do Estado, publicada na segunda-feira, mostra que, diariamente, cerca de 2 mil motoristas foram autuados no primeiro semestre nas duas vias expressas.

A Prefeitura afirma que a redução do limite de velocidade é necessária para diminuir o número de acidentes nas Marginais. Em 2014, segundo dados da CET, 1.399 pessoas ficaram feridas em acidentes nas duas vias e 73 morreram - 25 pedestres foram atropelados. “Ao diminuir o número de acidentes, melhora a velocidade média dos veículos. Essa é a experiência que está sendo tentada, que já foi realizada em várias cidades do mundo. É uma tendência internacional. Nova York, Paris, Roma, para citar três exemplos, estão adotando essa forma de enfrentamento”, explicou Haddad.

O prefeito disse que já recebeu os dados iniciais sobre o impacto no número de acidentes e na fluidez no trânsito nas vias, mas não revelou os números.

Ouça a entrevista do prefeito Fernando Haddad à 'Rádio Estadão':

Nesta quarta, o promotor de Habitação e Urbanismo Marcus Vinícius Monteiro do Santos se reúne com o diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite, e com o diretor de Operações da companhia, Valtair Valadão. O promotor apura se foram feitos estudos técnicos sobre os impactos da medida, tanto na fluidez do trânsito quanto na redução dos acidentes. Santos quer dos engenheiros da CET os dados usados para fundamentar a medida.

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A reportagem também solicitou o estudo, mas a Secretaria Municipal de Transportes não apresentou os dados até a noite desta terça. A Prefeitura informou apenas a quantidade de mortos e feridos nas Marginais. A lentidão das vias também não foi divulgada nesta terça.

Críticas. Especialistas em transportes e a oposição à gestão Haddad na Câmara dos Vereadores criticaram a redução nas vias adotada pelo prefeito. Para Sérgio Ejzenberg, mestre em Transporte pela Universidade de São Paulo (USP), medidas como esta devem ter “estudos aprofundados” de engenharia de tráfego.

“Nunca vi uma experiência de trânsito que atinge diretamente milhões de pessoas. Não se faz teste com a população. Enquanto a Prefeitura faz ‘experiência’, os radares estão multando normalmente”, afirmou Ejzenberg. 

Ele também discorda de Haddad na comparação que o prefeito faz de São Paulo com outras cidades do mundo. “São realidades distintas, o conjunto de viários de outros países é diferente”, afirmou o engenheiro.

O vereador Andrea Matarazzo (PSDB), líder da oposição na Câmara dos Vereadores, não acredita que Haddad estivesse pensando em fazer testes quando a medida foi adotada nas duas Marginais. 

“Ele fez a mudança definitiva, não um experimento. Tanto é que trocou todas as placas. A gestão Haddad se resume por tentativa e erro”, afirmou o vereador. Matarazzo protocolou no MPE um pedido para que a redução seja investigada.

Resposta. A Secretaria Municipal de Transportes voltou a informar ontem que cabe ao Município “a regulamentação das velocidades nas vias sob a sua jurisdição”.

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A pasta afirmou também que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) permite ao poder público “determinar as velocidades que considerar compatíveis com as respectivas características técnicas do local”, desde que as vias estejam sinalizadas. O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, não foi encontrado para comentar a fala de Haddad.

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