Recusa de Higienópolis em receber estação do metrô vira piada na internet

Assunto está entre mais comentados no Twitter e mobiliza Facebook; Linha Laranja foi reavaliada

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SÃO PAULO - A recusa de Higienópolis em receber uma estação da Linha 6-Laranja do Metrô virou piada na internet. No Twitter, o assunto entrou entre os tópicos mais comentados desta quarta-feira, 11. "É tão fácil resolver problema, gente: faz uma entrada social e uma de serviço", escreveu a usuária Luisa Tieppo (@lutieppo) em seu perfil no site.

 

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Internautas de outros estados também comentaram. "Tragam o metrô de Higienópolis para Fortaleza! É urgente", postou Henrique Araújo (OskarSays). "Em Florianópolis, metrô seria salvação. Em Higienópolis, o povo não quer. Mundo doido", disse Alessandro Bonassoli (@Alebonassoli).

 

Circula ainda no Facebook um convite para um "churrasco para gente diferenciada em frente ao Shopping Higienópolis". O objetivo é "mostrar que os ricos não chegam aos pobres, mas os pobres, sim, facilmente chegam aos ricos", segundo o texto de descrição do evento, que convida os internautas a levar "farofa, carne de gato, cachorro, papagaio e som portátil". Piada ou não, até as 22h mais de 24 mil pessoas já haviam confirmado presença no ato, marcado para o sábado, 14.

 

Desde 2010, um abaixo-assinado intitulado Defenda Higienópolis reúne assinaturas na internet contra a construção da estação no local, entre a Avenida Angélica e Rua Sergipe. Hoje, o Metrô anunciou que está "reavaliando a localização da futura Estação Angélica", mas ressalta que o motivo para a mudanças nos planos é um "melhor equilíbrio da linha", não a pressão dos moradores.

 

Segundo a Companhia do Metropolitano de São Paulo, a parada ficaria "a apenas 610 metros da futura Estação Higienópolis-Mackenzie e a 1.500 metros da futura Estação PUC-Cardoso de Almeida". Com isso, a obra deve passar para a região do Estádio do Pacaembu. O Metrô disse que "estuda melhor localização de uma nova estação que atenda à Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Av. Higienópolis e Praça Vilaboim". A definição da nova localização depende da conclusão de "estudos geotécnicos."

 

O texto do abaixo-assinado argumenta que um possível crescimento do fluxo de pessoas trazido pela nova estação geraria "um aumento de ocorrências indesejáveis, afetando a qualidade de vida dos moradores que estão acostumados a andar a pé." Além disso, afirma que a obra poderia provocar um "aumento natural do comércio ambulante e, pelo tamanho previsto da Estação Angélica, pode virar um camelódromo e degradar o entorno."

 

'Parte da democracia'. O presidente da associação Defenda Higienópolis, o empresário Pedro Ivanow, comemorou a decisão. "Um dos pontos que a associação levantou era a pouca distância entre uma estação e outra. Higienópolis não é contra o metrô, mas queria entender isso. Foi um movimento de esclarecimento", destacou. Para ele, as piadas e os protestos organizados na internet são "parte da democracia". Ivanow avalia como "extremamente positivo" o movimento dos internautas pedindo paradas em seus bairros depois da recusa de Higienópolis. "O metrô é uma necessidade enorme que a cidade tem, principalmente nas regiões periféricas."

 

Em meio à polêmica, ainda surgiu na rede um abaixo-assinado a favor da Estação Angélica. O texto diz que a decisão do Metrô foi "preconceituosa" e destaca que a obra é "desejo de milhões de paulistanos."

 

A licitação para as obras de construção da Linha 6-Laranja deve ser feita em 2013, com a conclusão prevista para 2017. Chamada de "linha das universidades", o trajeto terá 13,5 quilômetros de extensão divididos em 14 estações, ligando a Zona Norte ao Centro, da Estação Brasilândia até a Estação São Joaquim. Passará por bairros como Liberdade, Bela Vista, Higienópolis, Perdizes, Pompeia, Freguesia do Ó e Vila Brasilândia. / COLABOROU SOLANGE SPIGLIATTI

 

 

Texto atualizado às 22h.

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