Para fechar as contas, os blocos que resistiram ao boom precisaram expandir suas fontes de receita: aumentaram o número de feijoadas e ensaios pagos nas semanas antes do carnaval e passaram a buscar patrocinadores.Apesar de o carnaval de rua carioca ser gratuito, muitos foliões também sofreram impacto da inflação. O preço das camisetas dos blocos quase dobrou em quatro anos. Até a cerveja vendida nas ruas ficou mais cara. "Antigamente, dava pra cobrar R$ 2 por latinha e até vender três por R$ 5, mas neste ano não tem jeito. Cada uma sai por R$ 3 e duas por R$ 5", conta a vendedora Ana Paula Pereira.A prefeitura acredita que o público do carnaval de rua deste ano deve superar o de 2010, que foi de 2,5 milhões de pessoas. A multidão pode ser ainda maior que a expectativa, como indicou o bloco Vira Lata, no domingo passado: 20 mil pessoas foram para a orla do Leblon, quatro vezes mais que o esperado."O carnaval de rua do Rio tem o diferencial de ser gratuito. A gente não permite venda de abadá, não permite corda para as pessoas se fecharem e não faz circuito", afirma o secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello.Os eventos terão banheiros químicos e agentes de trânsito adicionais, financiados por patrocinadores. Por isso, a prefeitura exigiu que os blocos se cadastrassem, medida que provoca polêmica. "É preciso ficar atento para que a identidade do carnaval não se perca. As pessoas têm uma enorme liberdade e não podem ter restrições que podem esfacelar a coisa natural de poderem interagir", afirma Marcelo Osorio, um dos criadores do bloco Boi Tolo, que desfila no mesmo horário do tradicional Boitatá, sem autorização.