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Racha do PT e falta de diálogo com Haddad travam projetos

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Por Diego Zanchetta e Adriana Ferraz
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BASTIDOR:

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O revés de ontem não era esperado pelo governo. Nos planos de Haddad, o texto final do novo Plano Diretor de São Paulo já deveria ter sido votado em primeira discussão. Com o segundo adiamento, a gestão petista tem pouco mais de cinco semanas para criar consenso em torno do projeto e assegurar as duas aprovações necessárias. Depois disso, começa a Copa do Mundo e aí vai ficar ainda mais difícil reunir os vereadores para aprovar qualquer proposta de lei. Em seguida, vem o recesso de julho e, depois, ainda tem eleição.

Na avaliação de lideranças governistas e da oposição ouvidas pelo Estado, a dificuldade tem duas explicações: um racha na bancada do PT, que é a maior da Casa, com 11 vereadores, e a falta de articulação de Haddad no trato diário com os vereadores. Com perfil mais técnico e menos político que o seu antecessor, o petista não adota com os parlamentares o mesmo "corpo a corpo" que Gilberto Kassab (PSD) tradicionalmente praticava antes das votações de propostas relevantes para o Executivo.

"A gente vai conversar com o Haddad sobre eleições, composição dos cargos, e ele só fica falando de projeto, de projeto, de projeto. Somos aliados, queremos também participar do governo", desabafou ontem um vereador governista, que pediu para não ter seu nome revelado. Representantes da base também reclamam que Haddad ainda não nomeou subprefeitos indicados por eles, em substituição aos engenheiros empossados no início de 2013.

Já o racha entre os petistas tem outro motivo. Vereadores que fazem parte da cúpula ligada ao presidente José Américo iniciaram uma campanha para eleger Paulo Fiorilo presidente no biênio 2015-2016. O ensaio fustigou o líder de governo, Arselino Tatto, que foi preterido por Haddad para o cargo de conselheiro no Tribunal de Contas do Município (TCM) e agora também mira a presidência da Casa.

Vereador desde 1989, Tatto tem agregado parlamentares novatos e líderes do antigo centrão, como Roberto Tripoli (PV), Aurélio Miguel (PR) e Milton Leite (DEM), em um novo bloco de influência. Se prosperar, essa corrente pode colocar tanto Tatto quanto Leite no comando. O democrata já obteve a primeira vitória: foi empossado presidente da Comissão de Finanças e Orçamento. Com a paralisação dos projetos, Haddad terá de tomar partido.

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