PUBLICIDADE

''Quem volta das férias com R$ 6 mil a mais?''

Entidade defende reajuste pela inflação, como ocorre com outras categorias

Por e Diego Zanchetta
Atualização:

A decisão dos vereadores de congelar seu aumento de salário de 61,8% não acabou com críticas da sociedade civil. Coordenadora da ONG Voto Consciente, Sonia Barboza defende um reajuste atrelado à reposição inflacionária, como ocorre com boa parte das categorias profissionais."Uma pena que os vereadores não discutam com tanta rapidez os projetos da Casa, como fizeram na discussão dos salários", disse. "Se há recomendação do MP e uma condenação anterior pelo uso do mesmo decreto de 1992, é claro que esse aumento de 61,8% não poderia ser dado."Para o diretor executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, o recuo não se deu por vontade da Câmara. "Vereadores só agem coagidos", diz. "A Constituição é clara em apontar que esse aumento deverá ser repassado à próxima legislatura. Fora que vereadores recebem recursos diversos, que aumentam sua renda."Para Maurício Broinizi, coordenador do Movimento Nossa São Paulo, os vereadores tiveram "bom senso", mas devem acatar aquilo que a Justiça ou o Ministério Público indicarem. "Se há um problema de interpretação da regra sobre o reajuste salarial, a análise deveria ser feita por alguém isento, como o Judiciário, não pelos próprios beneficiários do aumento."Nas arquibancadas do plenário da Câmara, o anúncio do congelamento do salário foi comemorado como se fosse um gol por cerca de 300 funcionários que pressionavam por um reajuste de 2,7% para os 3 mil trabalhadores do Hospital do Servidor Público. "Finalmente tiveram um mínimo de vergonha na cara. Quem volta das férias com aumento de quase R$ 6 mil?", questionava a enfermeira Janairtes Luiza Fantini, de 42 anos. O auxiliar de enfermagem Cláudio Pires de Souza também comemorou. "Fico contente pelo susto que eles tomaram. Se não fosse o MP, ninguém teria desistido."A proposta de aumento para os funcionários foi aprovada ontem em primeira discussão, após quase um ano na pauta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.