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Quem paga pelo serviço ilegal é o cidadão

Por Análise: Ana Maria Domingues Luz
Atualização:

Eles passam antes da coleta oficial e levam tudo o que lhes parece aproveitável. À primeira vista, são caminhões da "reciclagem", confundidos com os veículos das cooperativas de catadores ou das empresas coletoras oficiais. Se pensarmos apenas na reciclagem, poderíamos considerar que seu trabalho é bom para o meio ambiente. É verdade que, sem eles, uma quantidade maior de materiais recicláveis seria desperdiçado. No entanto, um segundo olhar mostra que os benefícios são muito menores do que os problemas. Eles coletam sacos com lixo misturado, em que os recicláveis vêm mesclados com papéis higiênicos usados, restos de alimentos deteriorados e outros elementos contaminantes. Quem trabalha para eles é obrigado a manipular todo tipo de imundície.Para que o lucro do dono do negócio seja maximizado, os gastos com a operação precisam ser reduzidos ao máximo. Por isso, muitos utilizam mão de obra infantil ou quase escrava, bem barata, para fazer esse serviço.Quem paga para que a sujeira que os morcegões deixam em qualquer lugar seja retirada é o cidadão que paga impostos. Sim, porque, como sua atividade é oficiosa, quase sempre clandestina, não há pagamento de impostos nem fiscalização adequada. Eles não pagam, mas você, sim. Eles trabalham no vácuo deixado pela coleta seletiva ineficiente e insuficiente que temos em nossa cidade. Sua atuação retira o ganha-pão das mãos das cooperativas de catadores do Município. Vamos torcer para que a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos ajude a solucionar esses problemas.É PRESIDENTE DO INSTITUTO GEA ÉTICA E MEIO AMBIENTE, ESPECIALIZADO EM GESTÃO DE RESÍDUOS, COOPERATIVAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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