Prudente de Moraes: presidente e pai coruja

102 cartas mostram a intimidade do estadista

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Por Redação
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São 102 cartas timbradas com a marca da presidência da República, a maioria escrita entre 1894 e 1898 da então capital federal, Rio de Janeiro, para Piracicaba, no interior paulista. A correspondência entre o terceiro presidente, Prudente de Moraes, e seu filho Antonio revela outra face do homem "prudente até no nome": além de estadista "íntegro e sereno", Moraes era um grande pai coruja, que costumava cortar a mesada do filho a cada "desorientação" do "ingênuo rapaz".Ao longo do censo dos museus, as cartas foram restauradas e estão disponíveis para visitantes do Museu Histórico Prudente de Moraes, em Piracicaba. Elas revelam um homem simples, que via na família um porto seguro: preocupava-se com o filho, ao qual queria ensinar a não gastar "inutilmente". Com a filha caçula, "sempre pequena e parola", e com a mais velha, de quem tinha "grandes saudades". Com Antonio, as preocupações eram grandes. Afinal, "é preciso lembrar que amanhã pode deixar de existir o pai, como quase acconteceu a 5 de novembro. E então, perguntas a própria consciência, por conta de quem gastará?", questionava Moraes, em 11 de dezembro de 1897. Ele fazia referência ao atentado que quase o matou.Muitas das questões abordadas eram caseiras. Em 1901, Antonio quis se casar. Foi o suficiente para, em 20 de maio, o agora ex-presidente bloquear a mesada do "desorientado rapaz (...), seduzido por exploração miserável (...), resolvido a casar-se com uma filha de especulador, apesar da minha opposição formal e de toda a família". Sem mesada, três dias depois Antonio mudou de ideia. "Como parece resolvido a voltar ao bom caminho, abandonando a desastrada ideia do casamento, ficam reestabellecidas as ordens ou autorisações relativas a fornecimento ao mesmo por minha conta." Ao fim das cartas, Moraes mostrava seu lado carinhoso e mandava "hum abraço do papai e amigo"."As cartas foram divididas por assunto e levadas para uma nova mapoteca", explica a diretora do museu, Maria Antonieta Sachs. "Já recebemos visitantes que elogiaram a eficiência para fazer pesquisas."

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