SÃO PAULO - O primeiro protesto do ano contra o aumento da tarifa de transporte público em São Paulo acabou em tumulto na noite desta quinta-feira, 11, no centro da capital paulista. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para dispersar um grupo que tentava invadir a Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para pular a catraca, após o término do ato.
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Alguns manifestantes mascarados revidaram e atiraram pedras e até um coquetel molotov contras os policiais - ao menos um PM teria ficado ferido. A Estação Brás, uma das principais da CPTM, chegou a ficar meia-hora fechada por causa da confusão, prejudicando a volta para a casa de trabalhadores da região central da cidade.
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Organizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô para R$ 4 no último domingo, 7, o protesto teve início por volta das 18 horas em frente ao Theatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, no Anhangabaú. Sob forte esquema policial, que contou com 400 PMs, o ato reuniu cerca de 1 mil pessoas, segundo a polícia, e percorreu as ruas do centro até a região do Brás sem incidentes. De acordo com os organizadores, 8 mil manifestantes participaram do ato.
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Na chegada ao Largo da Concórdia, por volta das 20h30, a Estação Brás da CPTM foi fechada depois que um pequeno grupo entrou e pulou a catraca. O local foi cercado por policiais da Tropa de Choque. Mesmo assim, manifestantes mascarados tentaram entrar na estação e a PM começou a jogar bombas para dispersar o grupo, que revidou atirando objetos contra os policiais.
A manifestação reuniu, em sua maior parte, estudantes secundaristas e universitários que marcharam pelas ruas cantando músicas com críticas ao prefeito da capital, João Doria, e ao governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. No último domingo, os dois reajustaram de forma conjunta o preço da tarifa de transporte público em 5,26%, o que elevou o valor da passagem de R$ 3,80 para R$ 4.
"Querem nos fazer pagar ainda mais caro pelo que nem deveríamos pagar e não é possível aceitar pacificamente a existência de um outro aumento", afirmou o MPL em sua página no Facebook. Segundo os organizadores, outras 15 cidades de seis Estados, como Goiás, Pernambuco e Rio de Janeiro, também terão protestos contra o aumento nas tarifas a partir desta semana.
Em 2017, o valor unitário do ônibus, metrô e trem em São Paulo ficou congelado em R$ 3,80, após promessa de campanha feita por Doria. Em compensação, o valor da tarifa integrada entre ônibus e trilhos (metrô ou trem) teve reajuste de 14,8%, chegando a R$ 6,80. A medida, que chegou a ser suspensa por três meses pela Justiça, motivou uma série de protestos na capital, que não surtiram efeito.
O MPL foi criado em 2005 com a bandeira da "tarifa zero", defendendo gratuidade total do transporte coletivo. O movimento, porém, só ganhou expessão em 2013, quando organizou os atos contra o aumento de R$ 0,20 no valor da tarifa em São Paulo (de R$ 3 para R$ 3,20 na ocasião), que acabaram se espalhando por todo o País depois da aumento da repressão policial.