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Promessas ficam de fora do programa de metas de Doria

Mesmo em linhas de ação não há contratação de médico, escola integral nem fim da Cracolândia

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Por Adriana Ferraz e Fabio Leite
Atualização:
Programa deixa de lado promessas feitas pelo prefeito em 2016 Foto: Werther Santana/Estadão

SÃO PAULO - A gestão do prefeito João Doria (PSDB) não transformou em metas de governo uma série de promessas feitas pelo tucano durante e depois das eleições. Na lista de propostas não incluídas no plano divulgado nesta quinta-feira, 30, estão, por exemplo, a contratação de 800 médicos e a ampliação de escolas em tempo integral.

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Ao todo, o plano de Doria contém 50 metas, mas cada uma é acompanhada de projetos e ações necessários para atingi-las até 2020, como construir 40 creches e entregar 6 postos de saúde. Mas, mesmo em suas ações secundárias, o programa deixa de lado promessas feitas pelo prefeito em 2016.

No caso da contratação de 800 médicos, por exemplo, que Doria prometeu em programa na TV, o plano lista como ação “implantar novas equipes de atenção básica com médicos clínico-geral, ginecologista e pediatra” dentro da meta de “aumentar a cobertura da atenção primária à saúde para 70% na cidade”. Não há menção de quantos profissionais serão contratados em quatro anos.

O mesmo ocorre na área de drenagem, na qual Doria prometeu construir 30 piscinões, mas agora definiu como meta “reduzir em 15% as áreas inundáveis da cidade” e como ação “elaborar projetos de obras prioritárias de controle de cheias”.

Na área de transportes, Doria prometeu depois de eleito, em outubro, implementar o Rapidão, um corredor de ônibus BRT (Bus Rapid Transist) ainda em 2017. Agora, a ação prevista é implementar um “piloto” por meio de parceria com o setor privado, dentro de uma meta mais ampla, que é “aumentar em 7% o uso do transporte público em São Paulo”.

Até promessas mais recentes, como acabar com a Cracolândia, ficaram de fora do programa oficial. Não há meta relacionada ao tratamento de usuários de drogas, apenas “valorização do centro da cidade”, que tem como uma das ações “desenvolver projeto de requalificação da Cracolândia”.

Na Educação, o plano também não faz menção à ampliação do ensino em tempo integral, prometida pelo prefeito. Já a promessa de zerar a fila da creche em um ano deu lugar à meta de “expandir em 30%” o número de vagas. Pela conta, serão criadas 85 mil vagas, o suficiente para cobrir o déficit registrado no fim de 2016, de 66 mil. Mas não há prazo de execução.

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O secretário de Gestão, Paulo Uebel, argumenta que a gestão Doria “mudou o conceito de meta” após estudar os planos das dez melhores cidades para se viver, como Zurique, na Suíça. “Entendemos que a meta não poderia ser uma obra porque ela não é o fim em si mesma, mas o meio para atingir o fim.”

Ele disse que as promessas foram “rediscutidas” após a eleição porque Doria não tinha conhecimento desse conceito à época da campanha nem informações sobre a situação financeira da Prefeitura. “Quando você vê os números, conhece a realidade e tem acesso ao corpo técnico, é natural que percepção fique muito mais profunda.”

Algumas ações, como criar o prêmio “Nota do Milhão” para quem pede a nota fiscal e acabar com a versão impressa do Diário Oficial já foram cumpridas.

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