Pressão de moradores restringe a um dia eventos no 'Parque Vila Madalena'

Grupo protestou contra barulho produzido por shows; gestão Doria não descarta mudanças em modelo da Vila Madalena

PUBLICIDADE

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - O “Parque da Vila Madalena” não é unanimidade na região. Incomodados com os decibéis a mais que as atividades representam e com as restrições de trânsito, moradores do bairro já fizeram diversas reclamações e até um abaixo-assinado contra o projeto – o que motivou recentemente uma reunião de conciliação entre as partes, promovida pela Prefeitura, além de mudanças nos eventos. No fogo cruzado entre apoiadores e opositores, a gestão João Doria (PSDB) diz que o atual modelo está em “fase de verificação”.

No início do projeto, os eventos eram realizados todos os sábados, domingos e feriados. Os shows também ocorriam em um palco montado na rua – e não em um espaço restrito, como na garagem da galeria.

Incomodados com os decibéis a mais que as atividades representam e com as restrições de trânsito, moradores do bairro já fizeram diversas reclamações e até um abaixo-assinado contra o "Parque Vila Madalena" Foto: Werther Santana/Estadão

PUBLICIDADE

No fim de fevereiro, o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, fez uma reunião entre os interessados. Nela, decidiu-se restringir os eventos realizados na Rua Medeiros de Albuquerque apenas aos domingos. 

Moradores da Vila Madalena haviam coletado 317 assinaturas denunciando, entre outros itens, o barulho e a “inadequação de mobilidade” provocados pela programação, principalmente do Armazém da Cidade, o principal organizador do “parque”.

Responsável pelo espaço, o jornalista Gilberto Dimenstein também incentivou o público a produzir uma petição online e conseguiu mais de 2 mil assinaturas a favor do projeto.

Para Baixo Ribeiro, criador da galeria Choque Cultural, o problema do barulho “não é insolúvel”. “Com concertos na garagem, temos música de qualidade e com baixíssimos decibéis”, diz. “Antes, o palco ficava na rua, os gêneros musicais variavam, e tinha amplificação.”

A mudança, porém, é considerada recente pela Prefeitura. “Não somos contra o projeto cultural, somos contra excessos de ambas as partes”, diz Paulo Mathias, prefeito regional de Pinheiros. Para ele, a ocupação do espaço deveria ter sido feita “de forma mais ordenada”, a fim de evitar os problemas.

Publicidade

“Ainda não sabemos se o acordo está surtindo efeito, até por conta do pouco tempo que houve para avaliar. Está em fase de verificação”, diz Mathias. Segundo ele, a administração também não descarta mudanças.

Mesmo com a apresentação “mais comportada”, moradores voltaram a usar as redes sociais para reclamar do barulho, após apresentação do maestro João Carlos Martins. “O que fizeram com os moradores é uma perversão tamanha que causa espanto em qualquer pessoa. O direito de descansar e de ir e vir aos fins de semana foram destituídos”, publicou o técnico em informática Flamaryon Wellington Miguez, no Facebook.

Para atenuar os problemas, a Sociedade Amigos de Vila Madalena (Savima) quer revezamento entre as ruas da prefeitura regional. Segundo o presidente da entidade, Cassio Calazans, a proposta será feita à gestão Doria. “Pinheiros tem uma área grande, não precisa ser sempre na Medeiros de Albuquerque”, diz Calazans, que cita o Largo da Batata como uma das opções. “Além de diminuir o impacto, levaria atividades a outras áreas do bairro.”

Revitalização. A Prefeitura prepara um projeto de acessibilidade para o Beco do Batman, a ser implantado a partir de abril. Segundo Mathias, a proposta é construir rampas de acesso, além de aumentar a fiscalização de estabelecimentos no entorno. O município também iniciou a troca de lixeiras antigas por estruturas maiores. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.