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Presidente cancela evento e evita críticas

Moradores do Complexo do Alemão dizem que apartamentos feitos com verba do PAC alagam sempre que chove

Por Gabriela Moreira
Atualização:

O cancelamento da inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Complexo do Alemão poupou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ouvir críticas de moradores insatisfeitos com obras já entregues ? o PAC é uma das principais bandeiras do presidente para tentar eleger sua candidata, Dilma Rousseff, à Presidência. Em pelo menos dois complexos habitacionais fluminenses, próximos do conjunto de favelas, localizado na zona norte, a chuva provocou infiltrações e deixou apartamentos alagados. Segundo os proprietários desses imóveis, os problemas começaram antes mesmo das chuvas de segunda-feira, que inundaram as imediações. "Toda vez que chove meu apartamento enche de água. Os funcionários do PAC já trocaram o forro pelo menos três vezes e as goteiras nunca acabam", reclama a dona de casa Cleusa da Cruz Jorge, de 39 anos, que passou a noite retirando água do apartamento. "Não dá". Cleusa tem três filhos, é solteira, e vive com R$ 134 que ganha do programa Bolsa-Família do governo federal. Em janeiro, ela se mudou da Favela Fazendinha, também na zona norte, para o condomínio popular. "No dia da inauguração, o Lula esteve aqui. Ele disse que ia nos dar melhores condições de vida. Eu estou bem melhor do que na favela, mas entregar um apartamento que enche de água toda vez que chove não dá." O conjunto em que mora Cleusa foi inaugurado pelo presidente Lula em 22 de dezembro do ano passado. Uma das primeiras moradoras, Fernanda Sobral de Jesus, de 28 anos, também reclama de problemas na obra. "Recebi o apartamento sem as esquadrias. Toda semana dizem que vão vir instalar, mas isso nunca acontece. Já perdi a conta de quantas vezes reclamei com os responsáveis pela obra", diz a dona de casa, que teve a cozinha inundada durante o temporal. Mais inaugurações. A visita de Lula ao Complexo do Alemão seria para inaugurar uma creche para 120 crianças, um centro comercial com 47 lojas, uma Unidade de Pronto-Atendimento 24h (UPA) e uma Clínica da Família. A Assessoria de Imprensa da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop) informou que o conjunto inaugurado em dezembro ainda está em fase de "check list", período de seis meses em que a obra passa por vistorias para reparar o que for necessário. Segundo a assessoria, as esquadrias dos imóveis serão colocadas e todos os problemas que forem apontados deverão ser resolvidos. No entanto, a Emop não divulgou um prazo para atender às queixas dos moradores.

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