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Prefeitura lança plano antienchente, mas obras só sairão depois do verão

Primeira fase prevê 31 ações de microdrenagem em oito regiões; lista inclui construção de bocas de lobo, galerias e muros de contenção

Foto do author Adriana Ferraz
Foto do author Felipe Frazão
Por Adriana Ferraz e Felipe Frazão
Atualização:

SÃO PAULO - Considerado essencial para reduzir o número de ruas da capital que sofrem com alagamentos crônicos, o investimento em obras de microdrenagem ficou para o último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD). Mas o novo plano antienchente da Prefeitura, obtido com exclusividade pelo ‘Estado’, só deve trazer benefícios à cidade no verão de 2013. Até lá, as 130 vias mapeadas como críticas continuarão sob risco de encher.A primeira fase do Programa de Redução de Alagamentos (PRA) lista 31 intervenções em oito regiões com histórico de enchentes: Lapa e Jaguaré, na zona oeste, Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista, Itaquera, Vila Formosa e Mooca, na leste, e Capela do Socorro, na sul. O conjunto de obras tem custo estimado de R$ 50 milhões e inclui construção de galerias pluviais, bocas de lobo e muros de contenção em margens de córregos.Elaborado pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), o programa não prevê intervenções que exigem remoção e remanejamento de moradores. Nem obras maiores, como canalização de córregos, que já são feitas em paralelo pela gestão. A primeira fase será licitada em janeiro e tem prazo de 6 meses de execução. A estimativa é investir R$ 130 milhões em serviços de microdrenagem.O mapeamento priorizou ruas e avenidas com alagamentos reincidentes ao longo de mais de dez anos. Ele foi obtido a partir do cruzamento de informações registradas pelas subprefeituras e pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). As intervenções têm tamanhos e custos variados - vão de R$ 200 mil a R$ 7 milhões.Mas a própria Prefeitura admite que os investimentos não resolverão por completo o problema das enchentes. Quando prontas, as obras devem reduzir a frequência com que as vias selecionadas alagam e até o tempo em que ficam cheias, mas não impedir que a enchente ocorra. “Se uma rua ficava alagada por meia hora, depois da obra ficará cheia por 5 minutos e talvez dê para passar”, diz o superintendente substituto de obras da Siurb, Gilberto Ulanin.A intenção, segundo o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Elton Santa Fé Zacharias, é pelo menos minimizar transtornos enfrentados por moradores das vias identificadas no programa. “O PRA pretende remover alguns pontos críticos e reincidentes de alagamento”, diz. Drenagem. A execução de pequenas obras de drenagem vai contra a política adotada nos últimos dez anos para combater enchentes em São Paulo. Nesse período, a verba municipal foi empenhada em grandes obras, como a construção de piscinões e canalização de córregos. O Estado também seguiu a tendência - só o aprofundamento da calha do Rio Tietê para evitar seu transbordamento em dias de chuva custou R$ 3 bilhões.Mas, segundo especialistas, os altos investimentos foram consumidos pelo constante processo de impermeabilização da cidade. A criação de avenidas ou faixas de tráfego (como as novas pistas da Marginal do Tietê) e o boom imobiliário determinam o prazo de validade das obras, cada vez mais curto. Só neste ano, por exemplo, o Tietê, mesmo com a calha mais funda, transbordou três vezes.Em algumas ruas de bairro, porém, pequenas intervenções podem funcionar. A implantação de uma simples boca de lobo ajuda a dar vazão à água acumulada das chuvas. O mesmo resultado é obtido com a ampliação de uma galeria pluvial já defasada. Nos dois casos, porém, a boa drenagem depende da manutenção dos equipamentos, que não podem estar sujos.

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