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Prefeitura de São Paulo estuda instalar câmeras em cemitério

Serviço Funerário diz que está sendo feito um mapeamento dos pontos vulneráveis do Consolação; entidades defendem monitoramento

Por Luiz Fernando Toledo , Felipe Resk e Paula Felix
Atualização:
Crime. Túmulo teria sido profanado por criminosos e seus ossos foram encontrados fora do jazigo; Serviço Funerário nega Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

SÃO PAULO - Em meio a reclamações de furtos e um inquérito instaurado no Ministério Público Estadual (MPE), a Prefeitura de São Paulo estuda a instalação de câmeras de segurança dentro do Cemitério da Consolação. O Serviço Funerário informou, por meio de nota oficial, que está sendo feito um mapeamento dos pontos vulneráveis do local. Também está prevista a instalação de uma central de monitoramento, que deve ter uma equipe do setor de fiscalização da pasta e guardas-civis metropolitanos (GCM).

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Houve denúncia de violação de túmulos por parte do Movimento de Defesa do Cemitério da Consolação (MDCC) e do vereador Nelo Rodolfo (PMDB). Um inquérito foi instaurado na terça-feira. Um jardineiro autônomo teria encontrado restos mortais em uma caixa com a inscrição “Monteiro Lobato” há três meses. O material, que também foi citado como um “saco de cinzas jogado em uma viela”, segundo o que foi relatado à Promotoria, acabou recolhido pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). O Serviço Funerário nega qualquer violação de túmulo.

Além desse caso, o MPE vai investigar queixas constantes de furtos de portas de bronze e de objetos externos dos túmulos, além da suposta má administração do crematório da Vila Alpina e de outros cemitérios. Uma reportagem do Estado mostrou na quarta-feira que a Prefeitura cortou, em 2016, praticamente metade dos gastos com manutenção e limpeza dos cemitérios - o orçamento caiu de R$ 25,7 milhões, em 2015, para 14,8 milhões em 2016. Em entrevista à Rádio Estadão, a superintendente do Serviço Funerário, Lúcia Salles, disse que a queda não causou impacto no serviço de limpeza dos cemitérios. Também disse que a GCM faz patrulhas 24 horas no Cemitério da Consolação contra furto. 

Hoje, segundo o governo municipal, já existem duas câmeras em funcionamento no entorno do espaço público, instaladas entre as Ruas Mato Grosso, Sergipe e José Eusébio. A instalação de câmeras é demanda antiga de entidades defensoras do cemitério, segundo a presidente do Conselho de Segurança da Consolação, Marta Lilia Porta. “Nunca teve câmera no cemitério. Chegamos a oferecer, mas a administração não considerou a proposta.” 

O presidente do Movimento de Defesa do Cemitério da Consolação, Francisco Gomes Machado, reclama da falta de segurança. “O cemitério é a imagem do descaso, do abandono e da falta de interesse em manter patrimônios históricos e culturais da cidade.”

Neto. A família de Monteiro Lobato classificou a violação do túmulo do escritor como um “desrespeito”. E disse que não sabia da denúncia apurada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de que os restos mortais dele teriam sido achados do lado de fora do jazigo.

“Tivemos notícias de roubos da parte do bronze, mas de violação nunca soube de nada. Não sei como não existe uma prevenção para isso. É desagradabilíssimo”, afirma o neto do escritor, o comerciante de arte Rodrigo Monteiro Lobato, de 78 anos. Ele diz que a família costuma visitar o túmulo, que fica no Cemitério da Consolação, na região central, no Dia de Finados. Mas pretende ir ao local já na próxima semana. “Vou passar no cemitério para ver em que pé estão as coisas. Isso é um desrespeito fantástico com um personagem tão importante”, lamenta Rodrigo. Ele, que conviveu pouco com o avô, afirma que não há nada de valor dentro do túmulo. 

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Órgão municipal nega violação de túmulo

Em nota oficial, o Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) informou que qualquer denúncia deve ser averiguada e, ao receber a representação do Ministério Público, “responderá prontamente, de forma transparente e completa”. O órgão municipal ainda questionou o fato de a denúncia de violação de túmulo de Monteiro Lobato ter citado “cinzas”, tendo em vista que o escritor não foi cremado, mas enterrado na Consolação. 

E informou que ele morreu em 1948 e o crematório municipal só foi inaugurado em 1974. “E, mesmo após sua inauguração, não há nenhum registro de solicitação de cremação de ossos do escritor por familiares. O corpo sequer foi exumado.”

O Serviço Funerário também falou sobre a suposta caixa que teria sido encontrada pelo jardineiro autônomo. “Mesmo se tivesse sido cremado, na urna não estaria gravado o nome ‘Monteiro Lobato’ conforme relato da reportagem feito por uma fonte não identificada, e sim o nome completo, José Bento Renato Monteiro Lobato, como é o procedimento regular (da Prefeitura).”

O órgão também informou que os dados de concessão do túmulo estão atualizados no cemitério. E a concessionária do túmulo, a administração do cemitério e a GCM não confirmaram o caso de violação.

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