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Prefeitura de SP vai regulamentar fechamento de ruas só entre 22h e 6h

Projeto que será enviado nesta quinta à Câmara permite restrição em vias com acessos exclusivamente residenciais e com largura máxima de 10 metros

Por Bruno Ribeiro
Atualização:
Exigência de manter portões abertos durante o dia ainda deve sofrer resistência Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO

O prefeito Fernando Haddad (PT) assina nesta quinta-feira, 27, projeto de lei que será encaminhado à Câmara Municipal para regulamentar o fechamento de vilas, ruas sem saída ou com pouco impacto local das 22 às 6 horas. O texto prevê a obrigatoriedade de abertura dos portões para pedestres no restante do dia, o que já motiva resistências, e a cobrança de multa de R$ 1 mil por imóvel em caso de descumprimento.

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Atualmente, o fechamento de qualquer vila paulistana é ilegal. Para liberar o uso de portões e catracas e o controle de acesso, o Executivo municipal ainda pretende exigir uma série de compensações, que serão detalhadas hoje, incluindo a ampliação de áreas ajardinadas e de árvores. E Haddad vai cobrar que os interessados apresentem documento que ateste a adesão de 70% dos moradores à proposta. A varrição da rua e a coleta de lixo passarão a ser obrigação dos moradores.

A ideia da Prefeitura também é só permitir o fechamento de ruas que servirem de acesso exclusivo a residências e tenham uma largura máxima de 10 metros de leito carroçável. E será necessária a autorização prévia para o fechamento. Se, no espaço a ser fechado, houver equipamento público, como parques e praças, a instalação dos portões será proibida. 

O projeto se faz necessário desde março, quando a Justiça atendeu a pedido do Ministério Público Estadual (MPE) para ordenar a abertura de todas as ruas fechadas por portões na cidade. No mês seguinte, a maior parte das 500 vias fechadas recebeu notificação para liberar o acesso de carros e pedestres. O entendimento atual é de que as legislações que permitiam fechamentos, de 2009 e 2010, eram ilegais por causa de um detalhe burocrático: têm base em projetos de lei nascidos de uma proposta legislativa, de um vereador. Por lei, essa medida deve partir do Poder Executivo. 

Resistência. O projeto assinado por Haddad nasceu de um grupo de trabalho criado pela Prefeitura ainda em abril para discutir como manter a existência das ruas de vila e, ao mesmo tempo, abranger as políticas de abertura de espaços para pedestres e ocupação dos locais públicos que norteiam as ações da atual gestão. O texto, porém, já enfrenta resistência. “Somos contrários à abertura das 6 às 22 horas e vamos fazer forte pressão na Câmara Municipal para mudar isso”, disse o publicitário Eduardo Koch, de 37 anos, que participou de discussões sobre a atual proposta.

“O prefeito quis ‘puxar sardinha’ para todos os lados”, reclamou ele, ao comentar a permissão de fechamento apenas à noite. “A abertura deve ocorrer só se a pessoa tem como destino final a rua”, disse Koch, morador da Vila Mariana, zona sul.

A situação também já foi discutida na Câmara e resultou em uma minuta que não obrigava a abertura dos portões durante o dia. O texto foi entregue ao então secretário de Relações Governamentais, Alexandre Padilha – atual secretário da Saúde. Mais um grupo de propostas foi recolhido por outro parlamentar, Nelo Rodolfo (PMDB), que faz parte da base governista.

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Compensação. “Fizemos uma proposta, que foi mantida no projeto do Executivo (que será apresentado nesta quinta). A ideia é a compensação por parte dos moradores”, afirmou o vereador José Police Neto (PSD). “O projeto previa plantio de árvores, permeabilização do solo e coleta de água da chuva”, disse. “Não dá para não reconhecer que esses espaços bucólicos (vias fechadas) podem ser mais bacanas do que outros pontos da cidade”, afirmou, ao justificar a necessidade de compensações.

Police Neto argumentou também que a proposta não atende apenas a interesses de vilas dos bairros residenciais do centro. “Em muitas áreas da periferia há vilas construídas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) que teriam de ser abertas. Nossa ação foi para sensibilizar o prefeito. Esse tema tinha de ser regulamentado.”

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