Por 12 minutos, testemunha relata tortura e execução

Ela descreveu a ação para o 190; Corregedoria procurou saber como foi que acusado chegou ao pronto-socorro e decidiu prender PMs

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - As principais provas contra os três policiais da Rota detidos nesta terça-feira, 29, na zona leste de São Paulo são a ligação de uma testemunha para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) e as imagens de uma câmera que flagrou a ação no km 1 da Rodovia Ayrton Senna, nas proximidades do Parque Ecológico do Tietê, distante cerca de 6 km do estacionamento onde aconteceu o suposto confronto com bandidos. Imagens da viatura parada e o áudio da ligação têm aproximadamente 12 minutos cada e ocorreram simultaneamente.

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Segundo o corregedor da PM, coronel Rui Conegundes Sousa, a testemunha foi alertada pelo filho e ligou para o 190. "Ela (testemunha) ligou para o Copom e descreveu a ação dos policiais. Teriam sido praticadas algumas agressões e, posteriormente, ela teria ouvido disparos."

Segundo o coronel Sousa, a pessoa que fez a ligação não soube dizer a que unidade pertenciam os policiais, e só depois foi possível identificá-los como integrantes da Rota. "Diante dessas circunstâncias, com a notícia dada por essa testemunha e os indícios de como foi apresentada a pessoa morta no pronto-socorro, deliberamos pela prisão em flagrante dos policiais."

Local. Segundo o comandante da Rota, coronel Salvador Modesto Madia, uma denúncia anônima feita diretamente ao quartel da Rota informou que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam reunidos no estacionamento, planejando o resgate de um traficante preso no Centro de Detenção Provisória do Belém, também na zona leste da capital, e que seria levado para Presidente Bernardes, no interior do Estado. "Isso tudo foi confirmado hoje por um dos indivíduos detidos, que fala o nome de quem eles iriam resgatar e de que maneira. Não é uma coisa que caiu do céu, que a gente achou."

Segundo a versão oficial, seis viaturas da Rota, com 24 homens, foram até o local e entraram em confronto com os bandidos. A polícia afirma que houve tiroteio. Nenhum policial foi atingido pelos tiros. Nem as viaturas. Marcas de bala e sangue podiam ser vistos nesta terça-feira em muros a até 50 metros do local onde teve início a ação. Os moradores relatam que, durante a operação, foram obrigados pela polícia a permanecer dentro de casa.

Foram apreendidos um fuzil, uma submetralhadora, três pistolas, três revólveres, oito tabletes de cocaína e seis tijolos de maconha que, segundo a polícia, seriam dos suspeitos.

O estacionamento, onde também ocorrem bailes funk, tem 38 câmeras, mas nenhuma teria filmado a ação. "No contato com o proprietário, ele disse que o sistema está sendo montado e que elas não estavam gravando, só fazendo monitoramento", afirmou o corregedor da PM.

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Entre os mortos, foram identificados José Carlos Arlindo, de 35 anos, com antecedentes por furto, roubo e homicídio, Antonio Marcos Clarindo dos Santos, de 37 anos, com passagens por tráfico, homicídio, porte de droga e arma, e Claudio Henrique Mendes da Silva. Os demais não tiveram os nomes divulgados. A polícia não informou o nome do suspeito executado pelos Pms.

Foram presos Ricardo dos Santos Souza, de 34 anos, com passagens por roubo e receptação, Luci Maria Pereira Ramos, de 48 anos, com antecedentes por furto, estelionato, porte de arma e formação de quadrilha, e Fabiana Rufino de Souza.

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