Politécnica tem mais mortes de motoristas em SP; Sapopemba é a pior para pedestres

Levantamento da CET mostram vias com mais mortes na capital no primeiro semestre de 2013

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Por Felipe Rau e Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - Combine as curvas e a falta de fiscalização ostensiva à imprudência ao volante. Terá os ingredientes que levam a Avenida Escola Politécnica, na zona oeste, a ser a mais perigosa da capital paulista para condutores e passageiros de veículos. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) revelam que a via de 6 km do Jaguaré foi a que mais registrou mortes de motoristas e ocupantes neste ano. As estatísticas apontam ainda que, para os pedestres, a Avenida Sapopemba, na zona leste, é a pior: ali, seis pessoas morreram atropeladas.

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O levantamento obtido pelo Estado combina registros de janeiro a junho, e também indica os logradouros da cidade onde houve mais vítimas fatais entre motociclistas e ciclistas. A Marginal do Tietê, no caso dos primeiros, ocupa o topo da listagem, com 10 ocorrências no período. Já as fatalidades entre quem pedala estão diluídas.

Mas para os donos de automóveis, a atenção precisa ser maior, depois da Escola Politécnica, na Marginal do Tietê, e na Raimundo Pereira de Magalhães, na zona norte. As duas são as próximas da lista de desastres mortais, com quatro vítimas cada. Em comum com a avenida do Jaguaré, a Raimundo tem muitas curvas e relativamente pouca fiscalização eletrônica de excesso de velocidade.

“Aqui, a situação só vai mudar quando tiver mais radares e blitze da Lei Seca”, diz a jornaleira Valdiva Ribeiro, de 59 anos, que há uma década trabalha em uma banca da Avenida Escola Politécnica, perto da esquina com a Avenida Waldemar Roberto.

Foi a alguns metros desse cruzamento onde ocorreu um dos três acidentes que culminaram nas cinco mortes na via este ano. Em comum, as batidas dos carros foram contra postes da Eletropaulo. Em todos os casos, o motorista corria – o limite de velocidade na avenida é de 60 km/h.

O pintor José Raimundo Nobre Dias, de 28 anos, circula diariamente pela Escola Politécnica. Ele diz que já viu carros a mais de 100 km/h percorrendo a avenida. “Poderiam colocar mais semáforos, além de radares.” A reportagem flagrou ontem de manhã diversas irregularidades no trânsito da via, como excesso de velocidade em um trecho de máxima permitida de 40 km/h. Até mesmo uma conversão na contramão foi observada. Vários carros desrespeitavam uma placa de proibido virar para a direita em um acesso perto da Praça Jornalista Eduardo Castor Borgonovi.

O fato de ser sinuosa também pode contribuir para os acidentes, explica Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP). Em sua avaliação, a CET deveria voltar a espalhar caixinhas de radares pelas grandes avenidas, como as que existiam até 2011, quando foram removidas. “No caso da Politécnica, se você colocar 10 ou 15 delas ao longo da avenida, mesmo vazias, os motoristas vão reduzir a velocidade naturalmente, porque não saberão quais tem radares. Defendo essa fiscalização aleatória eletrônica.”

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Dois dos acidentes fatais ocorreram de madrugada, quando é comum acidentes envolvendo ingestão de álcool. Para a jornaleira Valdiva Ribeiro, um fator que agrava a situação é a presença de muitos postos de gasolina. “Tinham que proibi-los de vender bebida alcoólica à noite. Muita gente para aqui para ficar bebendo com os amigos.”

Ciclistas. Nenhuma rua ou avenida da relação de vias com acidentes fatais concentra mais mortes de ciclistas do que as outras. Todas tiveram “apenas” uma morte. E cada uma em um ponto distinto da capital – geralmente, em bairros periféricos, onde o uso da bicicleta para o trabalho é mais comum.

Chama a atenção o Tremembé, na zona norte. Da lista de 11 mortes de ciclistas em São Paulo ocorridas no primeiro semestre – número que não representa o total de óbitos nesse período, dado que a CET não divulgou – três foram nas imediações da Avenida Mazzei.

'Estruturação'. A CET informou que está se “estruturando para ampliar a fiscalização eletrônica na cidade”. Um dos objetivos do órgão é “contemplar locais com altos índices de infrações e acidentes”. Não foi informada a quantidade de novos radares que será instalada na capital paulista, nem se a Avenida Escola Politécnica receberá mais equipamentos – atualmente, só existe um em funcionamento, na esquina com a Corifeu de Azevedo Marques.

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