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Policiais são acusados de tortura a gesseiro em Sorocaba

Caso aconteceu em 16 de fevereiro, mas só foi denunciado depois que a vítima saiu do hospital

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Três policiais militares estão sendo acusados de torturar um gesseiro que demorou a parar a moto após uma abordagem na Vila Barão, zona oeste de Sorocaba. Eles foram afastados do policiamento nas ruas depois que moradores apresentaram um vídeo em que o gesseiro é agredido, enquanto implora por socorro. O vídeo mostra que os policiais usaram gás de pimenta e lançaram uma bomba contra moradores que filmavam a agressão. O celular de um deles foi quebrado.

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O caso aconteceu em 16 de fevereiro, mas só foi denunciado depois que o gesseiro Roberto Rodrigues Nunes, de 27 anos, saiu do hospital, após ficar 12 dias internado com fraturas nas costelas, nariz e maxilar. Ele contou que seguia de moto para casa à noite pela Rua MMDC, quando um carro deu sinal de luz. Ao ver que os ocupantes do veículo estavam com armas, ele acelerou até um ponto mais claro da rua e parou a moto. Os policiais mandaram que se deitassem no chão e começaram o espancamento. Como o local era próximo de um bar movimentado, os PM colocaram o gesseiro na viatura e o levaram até um ponto escuro da rua, onde o espancamento continuou.

Os gritos de socorro do rapaz acordaram os moradores que saíram para a rua e passaram a filmar as agressões. Foi quando um dos policiais se dirigiu ao grupo, quebrou o celular de um deles e usou gás de pimenta para afastá-los. Como os moradores insistiam na filmagem, o policial lançou uma bomba de efeito moral contra eles. Segundo a vítima, os policiais alegavam que sua moto era furtada. Depois, tentaram obrigá-lo a confessar que estava com drogas e um revólver. Como ele negou, voltou a se agredido. Os espancamentos duraram cerca de três horas. No início da madrugada, ele foi deixado em frente à casa dos pais com a ameaça de que, se denunciasse as agressões, iriam “buscá-lo até no inferno”.

Com base na denúncia, o delegado do 9.o Distrito Policial, André Moron, pediu ao comando do 7.o Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), que forneça a identificação dos policiais suspeitos. Assim que receber os laudos dos exames de corpo de delito no gesseiro, o delegado vai abrir inquérito por lesão corporal dolosa, tortura e abuso de autoridade.

A Polícia Militar informou que os policiais foram afastados imediatamente após a denúncia. Um inquérito policial militar foi aberto e o resultado será remetido para a Justiça Militar Estadual. Também foi aberta investigação administrativa para apurar desvios de conduta dos policiais que, se confirmados, podem levar a punições e até à expulsão da PM.

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