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Polícia vai bloquear celulares para combater roubos

Agentes usarão dados do boletim de ocorrência para pedir suspensão às operadoras; hoje, medida não é obrigatória

Por Bruno Ribeiro
Atualização:
“A Polícia Civil vai usar o poder que tem de requisitar o bloqueio às operadoras”, disse o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. Foto: Felipe Rau/Estadão

A Polícia Civil de São Paulo vai passar a requisitar que operadoras de telefone celular bloqueiem aparelhos que foram roubados, para que eles não possam ser usados. A medida é mais uma tentativa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de frear a escalada dos roubos no Estado, que crescem há 19 meses consecutivos e fecharam 2014 com a maior número da história - mais de 309 mil casos.

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Quando a vítima for registrar a queixa de roubo ou furto do celular, terá de preencher um formulário extra, com as informações do celular. Esses dados serão levados às operadoras. 

“A Polícia Civil vai usar o poder que tem de requisitar o bloqueio às operadoras”, disse o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. Uma reunião entre integrantes da secretaria e das operadoras está marcada para o dia 6, próxima sexta-feira, para acertar detalhes técnicos para tornar o bloqueio mais rápido. A mudança deverá ocorrer na sequência. 

Atualmente, a vítima do roubo ou furto de celular pode pedir o bloqueio. Mas o procedimento não é obrigatório nem automático.

Os celulares respondem por 16,7% de todos os roubos do Estado, segundo levantamento da secretaria. E 48,4% dos roubos ocorrem contra pedestres. Assim, Moraes disse acreditar que, criadas barreiras para que os aparelhos roubados retornem às ruas, os índices de roubos deverão cair. 

Motos. As declarações sobre as mudanças no trato com os celulares foram dadas na tarde desta sexta, no centro da capital paulista, quando Moraes foi acompanhar uma ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) que terminou com o fechamento de três lojas especializadas em peças de moto da Rua dos Gusmões, na República, local conhecido pela comercialização de produtos roubados.

Segundo a Secretaria de Segurança, havia ao menos R$ 6 milhões em produtos nos três estabelecimentos, que foram fechados porque não tinham nota fiscal nem outro documento de procedência para cerca de 1 milhão de peças. 

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Os donos dos três estabelecimentos - empresários com idade entre 32 e 37 anos - foram presos em flagrante. Segundo o delegado Valter de Abreu, a polícia infiltrou agentes nas ruas da região para executar as investigações. “Certamente outros comércios da região também serão fechados”, afirmou o delegado, que disse ainda apurar eventual ligação entre as lojas de peças roubadas e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que age nos presídios de São Paulo. 

A ação segue uma linha de ataque a centros de desmanche iniciada no ano passado, mas essa foi a primeira operação voltada exclusivamente para coibir o roubo de motos. “Essas peças são resultado de latrocínios cometidos para se roubar motocicletas”, afirmou Moraes, ao descrever a operação.

As lojas vistoriadas foram lacradas na tarde de ontem, depois de a perícia da Polícia Científica ir ao local. Os demais estabelecimentos da região deverão passar por vistoria do Corpo de Bombeiros nos próximos dias - e podem ter o mesmo fim. 

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