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Polícia prende três PMs suspeitos de assassinar coronel

José Hermínio Rodrigues comandava policiamento e investigava participação de PMs em chacinas na zona norte

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Por Marcelo Godoy
Atualização:

Dois sargentos e um soldado da Polícia Militar foram presos nesta sexta-feira, 25, sob suspeita de terem participado da morte do coronel José Hermínio Rodrigues, chefe do Comando de Policiamento de Área Metropolitano-3 (CPA-M3). Hermínio foi assassinado na manhã da quarta-feira, 16, quando andava de bicicleta na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte. Ele era responsável pelas investigações da participação de policiais militares em chacinas na região. Os três PMs foram presos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) durante as investigações sobre o crime. Todas as notícias sobre a morte do coronel  Chacinas na zona norte   Os PMs tiveram suas prisões temporárias decretadas pela 2ª Vara do Júri de São Paulo por causa de dois outros inquéritos abertos em 2007 pela polícia: um sobre a tentativa de homicídio de um suspeito de tráfico de drogas e outro sobre o assassinato do mãe desse suspeito. Por ora, a polícia é cautelosa em acusá-los diretamente pela morte de Rodrigues. Em um dos casos investigados, o atirador pilotava uma moto Honda Falcon preta, mesmo modelo e cor usado pelo criminoso que disparou pelo menos cinco vezes com uma pistola calibre 380 no comandante. O mesmo modelo de arma também foi usada nos dois crimes pelos quais os policiais foram presos. "Não temos condições de, por enquanto, vincular esses casos com a morte do coronel. Mas isso vai ser investigado", afirmou o delegado Marcos Carneiro Lima, do DHPP. Os três PMs ficarão presos pelo menos por 30 dias, prazo que pode ser renovado por outros 30 para que as investigações sejam feitas. O DHPP não revelou os nomes dos presos, o batalhão em que eles trabalham ou o conteúdo de seus depoimentos sobre a morte do coronel e os dois outros crimes. Além da suposta ligação com a morte de Rodrigues, o DHPP apura o envolvimento de policiais na chacina que deixou sete mortes e dois feridos ocorrida na zona norte no dia seguinte à morte do coronel. O departamento identificou a participação de PMs em três dos sete casos de chacina ocorridos na região em 2007. Chacinas na zona norte O coronel José Hermínio Rodrigues era um dos oficiais que investigava a possível participação de PMs nas chacinas ocorridas na zona norte. Em toda a capital paulista, 47 pessoas morreram nas 12 chacinas registradas em 2007. A periferia da zona norte liderou o ranking de chacinas da capital em 2007. Das 11 registradas até setembro de 2007, oito ocorreram na região, com saldo de 26 mortos. Só duas foram solucionadas, ambas com envolvimento de PMs. Dois estão detidos, à espera de julgamento. Nas demais regiões, foram 11 mortos. A forma de agir dos assassinos era quase sempre a mesma. Homens de capacetes escuros surgiam de madrugada em motos e usavam pistolas calibre 40, arma padrão da polícia. Em janeiro de 2007, no Jardim Brasil, quatro pessoas foram assassinadas e um soldado foi preso pela polícia. Em maio, seis jovens foram mortos no Jaraguá. Um cabo da PM envolvido no crime foi preso. Em outros casos investigados, policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) obtiveram indícios de que havia a participação de policiais militares nos crimes. Um deles envolvia suspeitas contra integrantes da Força Tática do 18º Batalhão da PM e de integrantes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). O crime aconteceu em 1º de fevereiro de 2007, no Jardim Elisa Maria. Quatro homens, que chegaram em um Palio, dominaram sete jovens, mandaram-nos virar de costas e atiraram - só um sobreviveu.

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