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Mãe e padrasto de menino encontrado em freezer saíram do Brasil, diz polícia

Imagens divulgadas pela polícia mostram o casal de sul-africanos, com as duas filhas menores, antes de embarcar para a Tanzânia

Por Isabela Palhares
Atualização:

Atualizada às 21h25

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SÃO PAULO - A Polícia Civil divulgou imagens da mãe e do padrasto do menino Ezra, de 5 anos, que na sexta-feira da semana passada foi encontrado morto dentro de um freezer no apartamento em que morava com a família de imigrantes da África do Sul no bairro da República, no centro da capital paulista. As imagens são de uma câmera do circuito de segurança do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e mostram o casal, com as duas filhas menores, minutos antes de embarcar para o exterior.

Nesta sexta, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que o casal é considerado foragido. De acordo com a polícia, eles fizeram escala em Doha, no Qatar, e depois seguiram para a Tanzânia, na África. As imagens da mãe Lee Ann Finck, do padrasto Mzee Shabani, e das duas meninas foram gravadas um dia antes de a polícia encontrar o corpo de Ezra no apartamento da família no centro de São Paulo.

“O casal é foragido, mas agora está fora do território nacional. O que a Polícia Civil deve fazer é continuar as investigações, trocar informações e, eventualmente, a partir de tratados internacionais, pedir auxílio para a Interpol e a extradição dos dois para o Ministério da Justiça”, disse Moraes.

Segundo a Polícia Civil, o Consulado da África do Sul contatou um parente do menino que já fez o reconhecimento do corpo. “Nós estamos tomando todas as providências policiais e administrativas para que haja a possibilidade da liberação do corpo do menor e o enterro digno que ele merece”, disse o secretário.

Câmeras de segurança. Vídeos obtidos pela polícia, no prédio em que a família morava, mostram ainda as últimas vezes em que o menino teria sido visto, no dia 22 de agosto. As imagens mostram Ezra entrando e saindo do prédio. Em uma das imagens, ele cumprimenta um vizinho. Seis dias depois, na noite de 28 de agosto, as imagens mostram Shabani transportando um freezer da loja de doces da qual era dono para dentro de seu apartamento. No dia seguinte, o padrasto é visto pela última vez no prédio.

O corpo de Ezra foi encontrado pela polícia depois de uma denúncia de um primo de Shabani, que estranhou o sumiço da família e a não abertura da loja de doces da qual eram proprietários. O homem disse que ao chegar ao apartamento da família sentiu um cheiro forte e, ao entrar no local, encontrou o corpo envolvido em um lençol e sacos plásticos.

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A polícia informou que o Conselho Tutelar já havia recebido denúncia de que Ezra era maltratado. Em junho de 2014, o menino foi atendido e apresentava sinais de espancamento. Ele chegou a ser retirado dos cuidados da mãe, após uma decisão judicial, mas voltou a morar com a família em fevereiro deste ano, com a condição de que seriam acompanhados por seis meses por assistentes sociais.

Loja. Segundo a polícia, a loja de doces de Shabani funcionava no mesmo prédio em que moravam. A família informou no dia 28 de agosto que manteria o estabelecimento fechado por sete dias para reforma, mas não voltou a abri-lo. Depois da divulgação da morte de Ezra, a loja foi invadida e saqueada.

Segundo os investigadores, há 12 anos cerca de dez famílias da Tanzânia, todas relacionadas entre si, instalaram-se na região em que Ezra morava com a família. Eles trabalham em comércios locais. Shabani tem familiares tanzanianos. Ele era considerado um dos mais bem-sucedidos imigrantes da região, por ser dono da loja.

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