Polícia de SP prende mais de 400 pessoas no 1º fim de semana oficial do carnaval

Entre os detidos, estão 127 foragidos da Justiça; cinco pessoas ficaram feridas após grupo roubar policial civil em bloco na Avenida Luís Carlos Berrini e dois suspeitos foram presos

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Por Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO -  No primeiro fim de semana do carnaval de rua na cidade de São Paulo, 413 pessoas foram presas pela polícia. Entre os detidos estão dois suspeitos de roubar um policial civil em um bloco na Avenida Luís Carlos Berrini, zona sul. Na ação, a vítima reagiu e cinco pessoas acabaram baleadas. Na Operação Carnaval Mais Seguro, de São Paulo, 64.847 pessoas foram abordadas e, dos 413 detidos, 127 eram foragidos da Justiça.

27º Distrito Policial (Campo Belo), onde o caso foi registrado Foto: Marco Antônio Carvalho / Estadão

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Também foram apreendidos 21 adolescentes. Em 2019, foram 1.430 detidos no Estado entre a sexta e a terça de carnaval. Para este ano, a Prefeitura estima reunir cerca de 15 milhões de foliões nas ruas. 

Sobre o caso na Berrini, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a vítima ia para a casa de um amigo quando foi abordada por seis criminosos, que roubaram três correntes e um óculos de sol do agente, que anunciou ser policial. “Um dos suspeitos foi em direção à cintura do agente e avisou os comparsas. Outro homem, ainda não identificado, sacou arma de fogo e atirou na direção da vítima, que fez disparo em defesa. Os criminosos seguiram tentando tirar o revólver do policial, que fez mais dois disparos”, diz a nota da pasta. 

Na ação, duas mulheres, de 25 e 26 anos, e três homens, dois de 19 e um de 32, foram baleados. Um dos suspeitos, de 19 anos, está entre os feridos. O outro suspeito que foi preso também tem 19 anos.

O Estado indagou qual o protocolo deve ser adotado por policiais para o uso de armas de fogo em situações de aglomerações e se haverá alguma mudança nas regras de segurança para a folia de rua, mas a SSP não respondeu. O governador João Doria (PSDB) defendeu a ação. 

Já a Prefeitura, em nota, informou que este foi um caso isolado e disse não ter registrado outras ocorrências relevantes no pré-carnaval. Este ano, a Secretaria da Segurança do Estado estreia um sistema de reconhecimento facial para identificar suspeitos e foragidos durante a folia. Para a fiscalização eletrônica, a polícia também tem, em média, 50 drones por dia. Pelo sistema de reconhecimento facial, imagens captadas por câmeras são cruzadas com o banco de dados da polícia. 

Com a ajuda de drones, dois suspeitos foram presos no sábado roubando foliões em um bloco em Pinheiros, zona oeste. Neste domingo, quatro colombianos - três mulheres - foram presos com 48 celulares furtados e roubados em um bloco na Avenida Brigadeiro Faria Lima. 

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A gerente operacional Natylla Mota, de 37 anos, está entre os foliões que aprenderam “na marra” o risco da folia de rua. “Ano passado, eu estava com o celular na mão e uma amiga com o dela na pochete. Veio uma fila de carinhas passando ao lado: um puxou meu celular, mas consegui tomar de volta e comecei a gritar que era ladrão. No alvoroço, minha amiga não percebeu que abriram a pochete e pegaram o aparelho dela. Acabou com nosso dia.”

O caso aconteceu em um bloco no Largo da Batata, na sua estreia no carnaval paulista. “Ando com um aparelho velho e só tiro no meio do bloco quando me sinto mais segura. Não ando mais de pochete”, diz ela.

Tecnologia

Outras cidades, como Rio e Salvador, também apostam em tecnologia para coibir crimes na festa. Em Salvador, 300 câmeras monitoram os três circuitos oficiais da festa e as imagens são analisadas pelo centro de operações e inteligência da Secretaria da Segurança. A tecnologia foi testada em 2019 e, entre os detidos, estava até um foragido da Justiça fantasiado de mulher, que foi reconhecido. 

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Nos megablocos do Rio, o folião teve se submeter a uma revista pessoal da PM, antes de entrar nas áreas de desfile. Foram montados pontos de bloqueio no entorno, onde os PMs fizeram triagem dos foliões, com a ajuda de detectores de metais. O novo esquema teve por objetivo impedir o ingresso de pessoas com garrafas, vidros, carrinhos, instrumentos perfurantes e cortantes. Já na Baixada Fluminense três morreram durante desfile de dois blocos.

O professor da FGV, Rafael Alcadipani, avalia que o carnaval é um evento que sempre estará suscetível a ter problemas de segurança pública, uma vez que há muita aglomeração de pessoas. Além disso, o forte consumo de álcool pode deixar as pessoas mais vulneráveis.

Na opinião de Alcadipani, que pesquisa na área de segurança pública, o estado tem feito um planejamento aprofundado, colocando mais policiamento na rua, mas que ainda terá um aprendizado ao longo dos anos.

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“O Estado ainda está aprendendo como é fazer o policiamento de um grande evento desse tamanho, ocupando a cidade inteira. Necessita de um planejamento, tentar identificar quais os são os tipos de perigos, fazer patrulhamento preventivo, informar a população. É muito difícil você policiar isso”, avalia. As aglomerações, como entrada e saída de blocos, entrada do metrô, pontos de ônibus, costumam ser pontos mais vulneráveis. /COLABORARAM ISAAC DE OLIVEIRA e JOSÉ MARIA TOMAZELA

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