PMs presos por execuções serão expulsos da tropa

Afirmação é do secretário estadual da Segurança Pública; assassinatos de suspeitos foram gravados por celular e câmeras

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Por Alexandre Hisayasu
Atualização:

SÃO PAULO - O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, afirmou nesta terça-feira, 15, que os 11 policiais militares presos por suspeita de participar da execução de dois jovens no Butantã, zona oeste da capital paulista, em 7 de setembro, serão expulsos da corporação.

“Onze policiais militares estão presos. Eles vão ser processados criminalmente e serão expulsos”, afirmou Moraes. As investigações da Corregedoria da PM concluíram que Fernando Henrique da Silva e Paulo Henrique de Oliveira foram executados, depois que tentaram roubar uma moto. Eles foram perseguidos e presos. Os assassinatos dos dois foram gravados por celular e câmeras de segurança.

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Segundo a Corregedoria da PM, os dois rapazes chegaram a atirar em uma viatura na perseguição. Eles se separaram e fugiram a pé para tentar escapar dos policiais. Oliveira foi dominado na Rua Corinto. Imagens de câmeras de segurança mostraram quando ele se rendeu e foi algemado pelos policiais. Depois, foi levado para a calçada, teve as algemas retiradas e foi baleado com tiros no abdome. Um PM apareceu colocando uma arma nas mãos de Oliveira.

Os soldados Silvano Clayton dos Reis, Silvio André Conceição, Mariane de Morais Silva Figueiredo, Tayson Oliveira Bastiane e Jackson da Silva Lima tiveram a prisão decretada na sexta-feira pela Justiça Militar por suspeita de participarem da execução de Oliveira.

Já Silva foi dominado no telhado de uma casa pelo soldado Samuel Paes, levado até a beira e jogado de uma altura de quase nove metros. Na gravação é possível ouvir dois disparos que teriam sido dados pelos soldados Flavio Lapiana de Lima e Fabio Gambale da Silva.

Por essa morte, os três PMs, o tenente Angelo Felipe Mancini, o cabo João Maria Bento Xavier e o soldado Paulo Eduardo Almeida Hespanhol tiveram a prisão decretada pela Justiça Militar nesta segunda-feira, 14. Todos estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte.

Justiça comum. A pedido do promotor Rogério Zagallo, a Justiça comum também decretou nesta terça-feira, 15, a prisão temporária dos 11 policiais militares por 30 dias. 

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“A medida foi necessária porque o caso será conduzido no 5.º Tribunal do Júri. Será aqui que eles serão processados.” Segundo o promotor, os PMs serão denunciados por homicídio duplamente qualificado, fraude processual, entre outros crimes. “Eles (PMs) agiram como criminosos e serão tratados como tais. Obviamente, não agiram de acordo com os padrões da Polícia Militar. Pessoas erraram, não a corporação.”

Inquérito policial. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) também está investigando o caso. Os policiais vão usar provas conseguidas pela corregedoria para conduzir o inquérito. Os investigadores querem individualizar a participação de cada policial nas execuções realizadas no dia 7 deste mês.

Nesta quarta-feira, os soldados Silvano Clayton dos Reis e Tayson Oliveira Bastiane serão ouvidos no departamento a partir das 10 horas. A expectativa é de que eles contem mais detalhes da morte de Oliveira. Os dois têm o direito de permanecer em silêncio. O promotor Zagallo vai acompanhar os depoimentos. As armas dos 11 policiais envolvidos já foram apreendidas para perícia. O resultado deve ser divulgado em até 30 dias

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