PM negocia e estudantes saem de colégio ocupado em SP

Escola Estadual Caetano de Campos, no centro da cidade, era alvo de protesto contra reforma do ensino médio proposta pelo governo

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Por Isabela Palhares , Felipe Resk e
Atualização:

(Atualizado às 20h30)

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A Polícia Militar fez uma operação, na noite deste sábado, 8, para desocupar a Escola Estadual Caetano de Campos, na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, ocupada por estudantes contrários à medida provisória que reforma o ensino médio no País e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que cria um teto de crescimento para os gastos públicos, propostas pelo governo Michel Temer. Era a primeira escola ocupada na capital do Estado de São Paulo.

Cerca de 30 PMs da Força Tática do Batalhão do centro da capital estão na ação. Segundo a PM, o colégio foi ocupado por 40 estudantes. A ocupação - a primeira de São Paulo - ocorreu na noite de sexta-feira, 7.

De acordo com o coronel Gasparian, da 2.ª Companhia do 7.º Batalhão da PM , a polícia e a diretora da escola estão em conversa com os alunos para negociar a saída do prédio. Cerca de 40 estudantes estão dentro da escola.

Os estudantes deixaram a escola depois de uma conversa de cerca de 30 minutos com um coronel da Polícia Militar, a diretora e uma representante do Conselho Tutelar. Saíram com punhos erguidos, enquanto gritavam“não tem arrego”.

Antes da negociação, o coronel havia informado que, mesmo que não houvesse colaboração dos manifestantes, a PM faria a desocupação. A gestão Geraldo Alckmin (PSDB) se valia de um parecer, da Procuradoria-Geral do Estado, que garantia a autotutela das escolas -- o que dispensa, nessa versão, mandado de reintegração de posse emitido pelo Poder Judiciário.

Estudantes, que não quiseram se identificar, disseram que a polícia não deixou alternativas a eles. "As opções da negociação eram que saíssemos voluntariamente ou então a força", disse um estudante. Assim, optaram por sair. O coronel afirmou que os estudantes tentaram negociar outra data para a desocupação, mas o pedido não foi aceito.

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Em jogral, os jovens disseram que a mobilização não termina com a desocupação da escola e que a luta contra a MP do Ensino médio e a Pec 241 continua, prometendo novas ocupações de escolas.

A PM entrou na escola após a desocupação, para garantir que não havia mais nenhuma pessoa dentro e para a vistoria do predio. "Eu não conhecia a escola antes,mas a princípio a diretora disse que nao houve danos ", declarou o coronel. A PM informou ainda que deve permanecer no entorno da Praça Roosevelt durante a noite para evitar novas ocupações - alunos também decidiram permanecer durante a noite na porta da escola.

Após a saída, alunos falaram com jornalsitas. Identifcando-se apenas como Mattei, umaaluna do 1.º ano da escola, de 15 anos, disse que os alunos já previam a reação da polícia para desocupar a unidade o mais rápido possível. "Mas cumprimos o nosso objetivo de mobilizar os estudantes para novas ocupações em outras escolas nos próximos dias. Na segunda-feira,todas as escolas vão fazer assembleias para discutir a possibilidade de ocupação", afirmou. 

Uma funcionária da Secretaria Estadual de Educação, diriente regional de ensino, acusada pelos manifestantes de "ter chamado a polícia", foi hostilizada pelos manifestantes após a ação. Ela foi seguida pelos alunos por duas quadras, sendo chamada de "fascista" pelo grupo. A funcionária teve que ser retirada por uma viatura do Corpo de Bombeiros.

De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), há 62 colégios tomados no Paraná, Minas Gerais, Goiás, Brasília, Rio Grande do Norte e Mato Grosso.

Procurado, o ministro da Educação, Mendonça Filho, não quis se pronunciar sobre a ocupação de escolas.