Pichadores utilizam tinta fosforescente

Usado também por grafiteiros, material aparece em diferentes locais; Prefeitura de São Paulo promete que fará um serviço de limpeza nesta semana

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Por Juliana Deodoro
Atualização:

Pichadores e grafiteiros disputam diariamente a atenção pelos muros e edifícios. É por isso que muitas vezes eles arriscam suas vidas para tentar atingir lugares que sejam mais altos, inacessíveis e, por isso, mais interessantes. Em São Paulo, alguns descobriram nova maneira de chamar a atenção: tinta fosforescente.Pichações nas cores laranja, rosa e amarelo brilham à noite e de dia no túnel da ligação Leste-Oeste, sob a Praça Roosevelt, no centro da capital. As mensagens, realçadas ainda mais pelas luzes azuis recentemente instaladas, ganham destaque e podem ser vistas de longe. Nas paredes há protestos políticos e grafites de grupos que já têm suas marcas em outros muros.Para o morador da Praça Roosevelt e pesquisador de arte urbana Sérgio Franco, a ação é uma "reintegração de posse" feita pelos autores das pichações. "Isso mostra a ausência do controle absoluto sobre a cidade, o que em São Paulo é uma pretensão." Franco foi um dos curadores da intervenção de pichação que houve na Bienal de Berlim deste ano. Na avaliação dele, o uso da tinta fosforescente, que brilha com o contraste da iluminação azul, foi uma boa estratégia dos pichadores. "Essa iluminação foi feita para deixar o lugar em evidência. O que eles fizeram foi usar a iluminação pública."Djan Ivson, o responsável pela pichação do espaço vazio da Bienal de São Paulo em 2010, se surpreendeu com as imagens do túnel. Segundo ele, o resultado estético da intervenção era o que mais se destacava. "Fazer uma pichação que seja inédita atrai os pichadores em geral. Acho que muita gente não se deu conta do resultado estético deste spray fosforescente, ou isso já estaria em outros lugares." Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, está na programação desta semana o serviço de limpeza na região.Nova vistoria ocorrerá hoje. Na entrada do túnel dá para ler a sigla Vlok, também pichada com tinta fosforescente. A diferença é que as letras ocupam praticamente todo o espaço disponível. "Para fazer uma pichação assim é preciso a ajuda de extintores de incêndio e é mais comum entre grafiteiros do que entre pichadores", afirma Ivson.

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