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Peritos observam 65 espécies de aves em apenas 8 dias

Gavião-pomba, pica-pau verde, araponga e pavó foram observados dentro do lote; Fundo Brascan não vai se pronunciar

Por Diego Zanchetta
Atualização:

SÃO PAULO - No mês de outubro, peritos do Ministério Público Federal e biólogos observaram 65 espécies de aves em apenas oito dias de visitas ao terreno previsto para virar condomínio ao lado do Parque Burle Marx, na zona sul de São Paulo. 

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Raros até em áreas fechadas de Mata Atlântica dentro da Serra do Mar, o gavião-pomba, o pica-pau verde, a araponga e o pavó foram observados no terreno da Camargo Corrêa, onde teria ocorrido desmatamento ilegal de árvores em área de preservação permanente, na várzea do Rio Pinheiros.

Os laudos para o MPF elaborados pelos biólogos Ricardo Cardim e Carlos Gussoni apontaram a existência também de espécies frutíferas com mais de 60 anos dentro do terreno, como jabuticabeiras, palmeiras-juçara, araças e uvaias.

Entre as árvores comuns na Mata Atlântica do Estado e na área prevista para virar condomínio estão bromélias ameaçadas de extinção e a rara pimenta-de-macaco.

Outras árvores típicas de remanescentes de Mata Atlântica localizados no terreno são o xaxim, o pau-jacaré, a tapiá, a aroeira, a cajerana, a guaçatonga e o embiruçu.

“Esse terreno tem o último fragmento de mata ciliar do Rio Pinheiros. O que estão fazendo ali é o famoso desmatamento por cabrito, que consiste em fazer uma série de danos na vegetação até a floresta virar um capinzal. As árvores maiores são retiradas para descaracterizar a Mata Atlântica”, afirma o biólogo Cardim, da USP. 

“Quando alguém da Prefeitura for ao local para fazer o diagnóstico antes de conceder as licenças, já não vai mais haver a mata fechada de antes”, acrescentou o biólogo.

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Os técnicos Pedro Develey (ornitólogo), Vitor Yuki (biólogo) e Sergio Kleinfelder (geólogo) também fizeram laudos a pedido dos procuradores do MPF. Eles constataram que a obra do novo condomínio deixaria o Parque Burle Marx isolado de áreas verdes e emparedados por prédios.

A intervenção também teria impacto direto na microbacia do Córrego Tangará, um dos afluentes do Pinheiros.

Outro lado. Procurado, o Fundo Brascan informou que não vai se pronunciar até ser notificado sobre a ação do MPF. 

A Camargo Corrêa informou também que desconhece a ação e diz não ter realizado nenhuma intervenção no terreno. 

“A empresa tem acordo formal para adquirir a área em questão, onde estuda alternativas de projeto que não só respeite a legislação vigente como também se diferencie pela qualidade e preservação ambiental”, informou a Camargo Corrêa.

A Cetesb também disse que não vai se pronunciar até conhecer o teor da ação. Procurado, nenhum representante do Ibama comentou o caso.

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