Para ganhar dinheiro, heróis do rafting precisam fazer ''bicos''

Turismo ainda em baixa na cidade afeta esportistas que salvaram centenas de moradores durante as cheias

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Por Bruno Paes Manso
Atualização:

O Rio Paraibuna está cheio, com 2 metros de água, o que torna a descida mais segura. O Parque Estadual da Serra do Mar foi reaberto e agora é possível navegar nas corredeiras por trajetos de cinco horas, em meio à mata atlântica intocada, com diferentes níveis de emoção. Os integrantes das equipes de rafting, os heróis que salvaram centenas de pessoas durante as enchentes, estão prontos para trabalhar. Mas, como os turistas ainda não chegaram, eles estão se virando com bicos.O instrutor Hélio Alexandre de Souza lembra de ter resgatado cerca de 350 pessoas durante as cheias. Enquanto acerta os últimos acabamentos da pintura de um restaurante, recorda quando salvou a professora primária, que resistia a sair com os policiais. "Foi persuasão. Eu disse "a senhora me ensinou a ler e a escrever. Peço mais um favor. Tenha a humildade de me deixar levar a senhora para o barco." Ela aceitou na hora." No ano passado, a equipe Montana Rafting, da qual faz parte, levava em média 40 pessoas por semana para descer os rios. Em fevereiro, quando voltaram ao trabalho, eles desceram só três vezes. Em março, duas. Como os esportistas ganham por descidas, estão se sustentando com trabalhos de marceneiro, pintor, pedreiro, eletricista, cozinheiro e dando aulas de ecoturismo.Boas oportunidades, porém, também aparecem. Principalmente para Souza, que numa entrevista para a televisão deu uma resposta que o tornou quase uma celebridade. "Vamos reconstruir a cidade grão por grão, tijolo por tijolo, coração por coração", imagem que foi reprisada até em redes internacionais. Com a repercussão da fala, Souza ganhou um curso de inglês no CCAA de Taubaté. Recebeu com outros instrutores de rafting um troféu na Daslu. Na quinta-feira, deu uma palestra motivacional para empresários, com o título "Coração por Coração", com o foco em equilíbrio emocional. "Tivemos equilíbrio durante as enchentes", explica. João do Espírito Santo, proprietário da Companhia de Rafting, que também espera em banho-maria, acredita que o esporte cresce com a retomada da agenda cultural da cidade. "O turista vem para ver o patrimônio, comer a comida caseira, ouvir música e praticar esportes radicais. O rafting se sai bem quando a cidade vai bem. É o que esperamos a partir da Páscoa."Reservas de vagas no rafting da Montana Rafting pelo (12) 9113-0433 (Guto). Companhia de Rafting: (12) 3018-4809; www.ciaderafting.com.br./

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