Como é a experiência de se apresentar na periferia de SP?
Nós, atores, temos de chegar nesses lugares mais distantes e nos apresentarmos. É mais fácil para nós nos deslocarmos do que uma população sem poder aquisitivo, que está cansada e já passou horas em ônibus, metrôs e trens pela cidade. De uma coisa tenho certeza: não há quem passe por essa experiência que não saia tocado e não queira repetir a dose.
Como é a recepção do público?
Esse é um espetáculo que não corteja a plateia. A maioria das pessoas não sabe quem é Simone de Beauvoir. Nomes como o dela estão chegando aos ouvidos desses espectadores pela primeira vez. Mesmo assim, o público fica prestando atenção até o fim e aplaude violentamente. Mas eu sei que essas pessoas fizeram uma trajetória qualquer através desse pequeno apanhado da vida da Simone de Beauvoir, alguma coisa lhes toca ali, tenho certeza.
Qual a sua avaliação sobre os teatros dos CEUs?
São espaços cuidados, não têm poltronas rasgadas, a limpeza é exemplar, têm sabonete, papel higiênico... Parece bobagem a gente falar nisso, mas é fundamental, porque essas coisas são civilizatórias. É uma surpresa tão comovente você chegar e ter um espaço como esse para fazer um espetáculo... É uma descoberta nessa altura da minha vida! Chego até a achar que o Brasil vale a pena e a gente vai chegar lá.