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Três suspeitos de fraude no ICMS são presos em São Paulo

Dois delegados tributários e um fiscal - todos ligados à Secretaria Estadual da Fazenda - teriam recebido R$ 1,2 milhão de propina

Por Alexandre Hisayasu e Fabio Leite
Atualização:
Detidos eram ligados à Secretaria Estadual da Fazenda Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Atualizada às 21h18

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SÃO PAULO - Dois ex-delegados tributários e um inspetor fiscal aposentado, ligados à Secretaria Estadual da Fazenda, foram presos na manhã desta quinta-feira, 13, por suspeita de fazer parte de um esquema milionário de pagamento de propinas de empresas com dívidas tributárias para fiscais do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O valor desviado pode ultrapassar R$ 35 milhões. Até agora, são dez fiscais presos em menos de 30 dias.

A investigação é feita em conjunto por promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec) e agentes da Corregedoria-Geral da Administração (CGA). Newton Cley de Araújo era delegado tributário, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista; Emílio Bruno, exercia a função, em Santos, na Baixada Santista. 

Os dois foram exonerados dos cargos pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), no começo de julho, dias depois de o doleiro Alberto Youssef - um dos principais delatores da Operação Lava Jato - dar detalhes do esquema de corrupção que funcionava dentro da pasta. Na ocasião, pelo menos dez funcionários, incluindo integrantes da cúpula da Receita Estadual, foram afastados.

Além dos dois ex-delegados, também foi preso o inspetor fiscal Malvino Rodrigues. Na casa dele, no bairro de Moema, na zona sul da capital, foram encontrados US$ 30 mil e R$ 30 mil em dinheiro, e apreendidos um Mercedes-Benz e um SUV Mitsubishi blindados.

Segundo o promotor Arthur Lemos Júnior, a prisão dos três mostra que a investigação não está restrita apenas à participação de fiscais. “A medida que as provas estão chegando, as apurações avançam”, afirmou.

Dinheiro apreendido na casa de um dos detidos Foto: Divulgação

O corregedor-geral, Ivan Francisco Pereira Agostinho, contou que todos os agentes presos também respondem a procedimento administrativo e podem ser demitidos a bem do serviço público. “Caso fique comprovada a participação nos fatos investigados, certamente essa medida pode ser adotada.”

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Denúncia. Os sete fiscais presos, em 24 de julho, na primeira fase da operação, já são réus em um processo por lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha, entre outros crimes. Todos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.

Além deles, também são réus os fiscais Dionízo Altair Teixeira e Vera Regina Lellis Vieira Ribeiro. Mas os dois vão responder ao processo em liberdade. A reportagem não localizou os advogados deles para falar sobre as acusações. Além da declarações de Alberto Youssef, a investigação conta com a ajuda de um dos fiscais presos.

Embora não tenha feito delação premiada (confissão dos crimes e revelação de mais nomes envolvidos no esquema), as informações prestadas por ele ajudaram a apuração a avançar. Por isso, segundo os investigadores, um acordo com o acusado não está descartado.

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Apoio à ação. O secretário da Fazenda do governo Alckmin, Renato Villela, disse que apoia as ações do Ministério Público. Ele defendeu a importância de uma atuação conjunta com órgãos de controle e fiscalização e ressaltou que a própria Secretaria da Fazenda atua nesse sentido. "Qualquer grande corporação, qualquer grande organização, tem de ter sempre essa preocupação e abertura com os órgãos de controle no sentido de verificar suas atividades", afirmou Villela.

O que mais preocupa o secretário é a preservação da imagem do numeroso quadro de agentes fiscais do ICMS - 4 mil em São Paulo. “São casos excepcionais. É evidente que eles têm uma conotação, valores grandes, mas posso assegurar que a esmagadora maioria dos fiscais de São Paulo são pessoas sérias, que continuam merecendo o nosso respeito e o nosso crédito. / COLABOROU FAUSTO MACEDO

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