Operação Cracolândia será estendida para a Roberto Marinho e o Glicério

Polícia Militar vai intervir com objetivo de desbaratar a logística do tráfico de drogas

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Por Artur Rodrigues - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - A Operação Cracolândia, iniciada em 3 de janeiro para combater consumo e venda de crack nas ruas do centro, será expandida para outras duas regiões da cidade. Os próximos endereços da ação ficam nos arredores da Avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul, e na Baixada do Glicério, região central.

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A decisão foi revelada nesta terça-feira, 19, com exclusividade ao Estado pela secretária estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, Eloisa de Sousa Arruda. "Estamos identificando outros pontos e vamos enfrentá-los do mesmo modo: polícia para traficante e tratamento de saúde e assistência social para dependente", disse Eloisa, coordenadora da operação na esfera estadual.

Segundo a secretária, a operação já está gradualmente sendo implementada na Roberto Marinho, na região do Brooklin, do Campo Belo e do Jardim Aeroporto. Eloisa contou que agentes de saúde e assistência social têm agido na área. A Polícia Militar vai intervir com objetivo de desbaratar a logística do tráfico de drogas. A secretária disse também que a ação no Glicério começará ainda neste ano.

Antes da ação na cracolândia, com foco principal nas Ruas Helvétia e Dino Bueno, na Luz, as duas novas áreas que receberão intervenção já tinham concentração de usuários de crack. As aglomerações, no entanto, cresceram após a ação repressiva da PM na Luz. E se espalharam para pelo menos 27 bairros, segundo levantamento feito pela polícia depois da ação, com base em queixas da população.

Policiais civis afirmaram que, além do número de viciados, aumentaram os assaltos no Glicério. Uma bancária de 46 anos foi vítima de uma tentativa de roubo na terça. "Nem vi quem foi. Atingiram meu carro com uma pedra no vidro, bati no da frente e o ladrão acabou fugindo", afirmou a vítima. Na zona sul, os motoristas são surpreendidos por viciados fumando no canteiro central da Avenida Roberto Marinho. Dependentes também se concentram na Rua Doutor Estácio Coimbra.

Sem prazo. O governo estadual afirmou não ter data para sair do centro. "Permaneceremos ali, não sei se meses ou anos. Nosso propósito é não deixar mais (traficantes) se instalarem na região que se chamava de cracolândia", disse Eloisa.

A secretária rebateu críticas feitas pelo Ministério Público, que, em ação contra o Estado, pediu indenização de R$ 40 milhões por danos morais coletivos e classificou a operação como "fracasso completo". "Não há tempo suficiente para tachar a operação de fracassada. Eu diria que até o momento a operação teve bons resultados, à medida que já conseguimos adesão de mais de 700 pessoas ao tratamento."

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Eloisa disse ainda que a ação policial obteve êxitos. "Mais de 400 traficantes foram presos e 120 foragidos da Justiça, capturados. Aquela situação que existia e era chamada de cracolândia, que chegava a congregar mil pessoas, não existe mais." / Colaborou Tiago Queiroz.

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