Óculos ajudam PM a achar bandidos

Equipamento especial será testado em shows e partidas de futebol, permitindo a identificação imediata de pessoas com registro na polícia

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Por Camilla Haddad e do Jornal da Tarde
Atualização:

Não estranhe se encontrar policiais militares usando óculos futuristas com alto poder tecnológico nos próximos shows, encontros religiosos, festas abertas ou partidas de futebol em São Paulo. É com esse equipamento que o efetivo vai "filmar" o público presente e detectar se, no meio da multidão, estão criminosos, pessoas desaparecidas, procuradas ou torcedores envolvidos em brigas.Na sexta-feira, a reportagem acompanhou uma visita de 30 oficiais da PM para uma aula de demonstração do uso desses óculos. O encontro ocorreu na zona norte, durante uma das fases do Curso de Policiamento em Eventos, desenvolvido todos os anos pela corporação com o objetivo de ampliar as ferramentas de prevenção ao crime.Segundo o major Leandro Pavani Agostini, do 2.º Batalhão de Choque, trata-se de um sistema chamado biometria facial, em que uma câmera especial é instalada nos óculos, capta a imagem das pessoas e depois as encaminha em tempo real para um banco de dados da polícia. Em seguida, é possível saber se quem aparece na imagem tem algum tipo de problema com a Justiça. Caso isso ocorra, um pequeno quadrado vermelho aparecerá na lente da câmera e o PM poderá tomar as providências necessárias naquele momento."É algo discreto, porque você não interpela a pessoa, não pede documentos. O computador faz isso", explica. Segundo o major Agostini, atualmente o equipamento é oferecido por um representante de uma empresa de Israel. Lá, já funciona como um controlador de fronteiras. "E para nós será muito útil e ajudará a cidade como um todo, desde a entrada e saída em terminais (ônibus e aeroportos) até em um show", diz. Gêmeos. Para o oficial, erros não estão previstos no sistema de biometria facial - mesmo que a pessoa seja gêmea. "A olho nu são duas pessoas iguais, mas para os 46 mil pontos de semelhanças que aparecem, os dados não vão bater." Normalmente, a capacidade de visão da câmera é de até 50 metros de distância. Dependendo do caso, no entanto, o sistema pode ser adaptado e chegar a até 20 quilômetros de distância. O major Marcel Lacerda Soffner, porta-voz da corporação, lembra que também participaram da demonstração oficiais de outros três Estados: Amazonas, Acre e Rio.Pelas previsões dos policiais, o novo aparelho será utilizado na Copa do Mundo de 2014 e também em dias de jogos normais em São Paulo, principalmente em grandes clássicos. "Eu posso inserir no banco de dados um torcedor que se envolveu numa briga em campo e, mesmo com as imagens antigas, ele poderá ser localizado futuramente", afirma o major.  

 

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Teste. Esse não foi o primeiro contato com o aparelho. No ano passado, PMs da Tropa de Choque já testaram o sistema de biometria facial em jogos no Pacaembu. "Só não testamos no show do U2 porque não deu tempo, mas vamos testar em breve", afirma Agostini.O especialista em segurança Felipe Gonçalves elogia a iniciativa. "Acho que, principalmente para jogos, vai funcionar muito bem, desde que os policiais fiquem bem posicionados, em locais de passagem das pessoas."

 

COMO FUNCIONAO sistema permite capturar até 46 mil pontos da face e 400 faces por segundo

1º - O sistema funciona por meio de um software. Uma microcâmera fica acoplada em um óculos e capta a imagem de pessoas2º - A imagem é transmitida para um banco de dados da Polícia Militar 3º - Caso a pessoa conste no banco de dados, um alerta é transmitido e aparece em forma de quadrado vermelho na lente da câmera

- É possível detectar pessoas desaparecidas, procuradas pela Justiça ou com antecedentes criminais

- É possível ainda armazenar em um só banco de dados por volta de 13 milhões de rostos 

- A câmera acoplada aos óculos consegue captar imagens a até 50 metros. Mas é possível fazer adaptações no equipamento e com isso chegar a até 20 quilômetros de distância

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- O equipamento poderá ser usado em eventos religiosos, musicais e jogos de futebol

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