O que fazer na Mooca

Passear pelo bairro ajuda a conhecer melhor a história econômica e social de São Paulo. E ainda tem pizza boa...

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Por Redação
Atualização:

Distrito da zona leste de São Paulo, a Mooca é um dos bairros mais tradicionais da cidade. Nasceu ainda no século XVI, quando um grupo de jesuítas chegou à cidade e formou um povoado chamado Arraial do Nicolau Barreto. Naquela época, próximo à várzea do Tamanduateí, apenas alguns índios desfilavam sua pouca roupa. Logo os religiosos começaram as mudanças. Ergueram uma ponte sobre o Rio Tamanduateí e aos poucos modificaram a paisagem. O bairro seguiu rural pelo menos até 1870, quando começaram a chegar imigrantes que vinham se arriscar na lavoura de café. Muitos acabavam ficando em São Paulo atraídos pelo comércio e pela atividade industrial. Recém-chegados, eles escolhiam a Mooca e o vizinho Brás para morar. Os dois ficavam perto das fábricas e dos trilhos e, por causa das cheias do Tamanduateí, seus terrenos alagados eram mais baratos. No século XX, o crescimento da Mooca se acelerou com a chegada dos migrantes nordestinos, principalmente a partir de 1940. Hoje, o bairro conta com cerca de 75 mil habitantes e tem de tudo um pouco. O bairro é atendido por duas estações da Linha 10-Turquesa da CPTM (Mooca e Ipiranga), além da estação Bresser-Mooca, da Linha 3-Vermelha do Metrô. Outras dezenas de pontos de ônibus também percorrem a Mooca. Não faltam nem representantes da culinária cantineira italiana, nem pizzarias. A Mooca também tem uma espécie de dialeto, o ‘mooquense’, tido como um patrimônio imaterial de São Paulo. Entendeu, bello? 

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Comes e bebes

Restaurantes: Don Carlini (R. Dona Ana Néri, 265) fica num casarão da década de 1950. A cozinha é focada em uma culinária italiana descomplicada, que passa por massas, risotos, carnes e pescados. O espaguete com camarões é um dos pratos mais tradicionais da casa. A receita leva, além dos crustáceos, pimentões verdes e vermelhos puxados em alho, azeite e salsa. O vitelo à romana, assado em baixa temperatura e guarnecido de talharim ao molho de manteiga, também coleciona admiradores. Quase cinquentona, a pizzaria São Pedro (R. Javari, 1333) está no bairro há 49 anos. O balcão é o mesmo da inauguração, um detalhe que dá um charme especial à casa. Há pizzas individuais e para dividir. São mais de sessenta sabores. Já a Máfia Mia (R. Tamarataca, 221) tem uma proposta um tanto quanto peculiar. Um enorme quadro de o “O Poderoso Chefão” decora uma das paredes. A clientela é atendida por “soldados da máfia”, que transportam os pedidos pelo salão. São 42 tipos de pizza. Na sobremesa, faz sucesso o cannolo ou cannoli (para quem quiser mais de um) – doce típico da Sicília em que canudos de massa frita são recheados de ricota e frutas ou pistache. Completam a lista de pizzarias a Antonietta (R. Guaimbé- 344), a do Ângelo ( R. Sapucáia, 527) e a Bendita Maria (R. dos Trilhos, 1269). Essa última vende por... metro. 

Lachonetes: para quem quiser bater aquele hambúrguer, tem Cadillac (R. Juventus, 296), no Novo Hamburger (R. Ibipetuba, 204) e Road Burger ( R. Ibipetuba, 204). Essa, em ambiente que remete ao Texas, tem um sanduíche chamado royal enfeld. É hambúrguer de calabresa coberto por queijo, cebola frita na chapa e um molho levemente apimentado. Popular, a Esfiha Juventus (R. Visconde de Laguna) continua distribuindo esfiha para os jogadores que fazem gols em partidas do Juventus.

Bares: desde 1959, o Elídio (R. Isabel Dias, 57) recebe os clientes com muita comida e futebol. A casa é decorada com mais de quarente camisas – muitas do Pelé. No cardápio, acepipes de balcão, salgadinhos e porções de canapé de linguiça de Blumenal e de linguiça artesanal frita na hora. Boas pedias são os caldinhos de feijão, de mocotó e de mandioca com carne de sol. 

No Quintal da Mooca (R. Lituânia, 454), cadeiras e mesas de madeira na calçada conferem ao bar um clima rústico e agradável. Elas são mais disputadas no fim do dia, na happy hour. Aqui também a decoração não deixa esquecer o futebol. As paredes são tomadas por quadros antigos de times tradicionais da Mooca. No menu, feijoada, baião de dois, mexido nordestino e carne seca com mandioca flertam com as cervejas. Em salão pequeno, mas gostoso, o Cateto (R. Fernando Falcão-810) propõe combinar comidas e bebidas artesanais. São cervejas, queijos, embutidos e curados de pequenos produtores nacionais. A chamada tábua do lenhador é um mix de panceta, pastrami, lombo curado e picles de pepino, para comer com um molho de sementes de mostarda e mel.

Salão da pizzaria Máfia Mia edecoração temática baseada na máfia italiana Foto: Divulgação

Passeios históricos, cultura e lazer

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No prédio da antiga Hospedaria de Imigrantes (R. Visconde de Parnaíba, 1316) fica o Museu da Imigração. No local, que recebeu 2,5 milhões de estrangeiros entre 1887 e 1978, estão expostas relíquias de um passado lastreado pelo café e pela indústria paulista, além de um rico acervo digital com jornais, cartografias e registros de matrículas de pessoas que passaram por ali.

Biblioteca Affonso Taunay (R. Taquari, 549) foi fundada em 1954 e tem um acervo formado por mais de vinte mil exemplares, constituídos por livros didáticos, paradidáticos, dicionários, enciclopédias, jornais, revistas, recortes, mapas etc. Na seção “Memória do Bairro da Mooca” é possível viajar por meio de pôsteres, documentos originais do século XIX, fotos, ferramentas de trabalho, máquinas, moedas e instrumentos musicais que remetem à trajetória do bairro.

Por ser um dos bairros mais antigos de São Paulo, é possível fazer um tour pelos prédios mais antigos da Mooca. Muitos abrigaram fábricas ao longo do século XX, como o Cotonifício Crespi (R. dos Trilhos, Taquari, Visconde de Laguna e Javari). Nesse caso em específico, o prédio hoje é ocupado por uma rede de hipermercados. A fábrica parou de funcionar no começo dos anos de 1960. A Escola Estadual Oswaldo Cruz (R. da Mooca, 2183) completou cem anos em 2014 e está em plena atividade. Foi construída para atender aos filhos dos imigrantes que desembarcavam em São Paulo para trabalhar na incipiente indústria paulistana. O Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955) passou por uma ampla reforma e foi reaberto em agosto de 2015. No local, funciona a sede do Clube do Choro de São Paulo, que divide programação regular com outros gêneros musicais, além de espetáculos de dança e teatro.

Na confluência das ruas da Mooca, Oratório e Taquari, com a Avenida Paes de Barros, está um marco histórico da Mooca: a Praça Vermelha. Apertada em uma faixa estreita de calçada, não é bem uma praça. Mais parece um memorial. Recebeu esse nome porque o local foi palco de inúmeras manifestações por direitos trabalhistas durante o século XX. Depois da Greve Geral de 1917, os ideais comunistas ganharam corpo no Brasil em detrimento do anarquismo. Foi ponto de encontro do Partido Comunista Brasileiro.

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Quem procura espaço verde no bairro costuma visitar a esquina entre a Avenida Paes de Barros e a Rua Terenas. Em setembro do ano passado, a Sabesp inaugurou no local um parque de mais de vinte mil metros quadrados. O espaço conta equipamentos de ginástica, playground, campo gramado e já entrou no roteiro de quem frequenta a região.

Compras Mooca Plaza Shopping (R. Cap. Pacheco e Chaves, 313): amplo centro de compras, com 241 lojas, sendo oito megalojas, restaurantes e salas de cinema- uma delas XD (Extreme Digital). Tudo distribuído em dois pavimentos e 112 mil metros quadrados de terreno.

Feirão 1 milhão de LPs: A Loja Casarão dos Vinil, no número 1212 da rua dos Trilhos, vende vinis ao preço único de R$ 9,99. Aos finais de semana, a casa promove também um feirão de discos ao preço de R$ 4,99, na R. do Oratório, 838. É o famoso Feirão 1 milhão de Lps. Mas é preciso paciência. Os discos não são separados por cantores ou gêneros. ‘Garimpar’ é o único jeito de fazer um bom negócio.

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