''O caso foi um salto enorme para o País. Entramos na era da modernidade''

Rosângela Monteiro Perita do caso Isabella

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Por Bruno Tavares
Atualização:

Durante os cinco dias de julgamento do caso Isabella, o nome de Rosângela Monteiro só não foi mais pronunciado do que o dos réus. Responsável pelo conjunto de laudos que incriminava o casal Nardoni, a perita teve seu trabalho duramente atacado pela defesa. Seu depoimento durou 9 horas - nem os réus demoraram tanto - e foi considerado o mais contundente entre as sete testemunhas ouvidas. Aos 50 anos, casada e mãe de um filho de 26, Rosângela diz que o resultado do julgamento acabou por coroar o trabalho de sua vida.Foi o caso mais difícil de sua carreira?Não, já tive casos mais difíceis. Mas é inegável que foi o de maior exposição. É o caso da vida de todo mundo que se envolveu nele - peritos, policiais, o promotor, o defensor e o juiz.Quando vocês perceberam que caberia à perícia esclarecer o crime?Logo de início. Quando examinei o apartamento e vi as manchas de sangue. A partir dali, eu sabia que teria de tomar uma série de providências na orientação do trabalho pericial. A partir das manchas de sangue, que começavam na soleira da porta, percebi que teríamos de descobrir onde é que a menina tinha sido ferida. Percebemos que (o sangue) foi removido, daí a necessidade de usar os reagentes.Ficou incomodada com as críticas feitas ao trabalho durante esses dois anos?Acaba por incomodar porque você não pode comentar. Se você fizer qualquer tipo de comentário vai comprometê-lo. Considera esse caso um divisor de águas, como disse o promotor Francisco Cembranelli?Sem dúvida. Para a Polícia Civil, que terá de aprender como lidar com essa nova tecnologia. Para o Poder Judiciário, que vai ter de se preparar. Juízes, promotores e advogados terão de se preparar para entender aquilo que estamos passando. Acho que foi um salto enorme para o País. Entramos na era da modernidade em termos de perícia.Quando a senhora percebeu que o caso estava esclarecido?Quando recebi a camiseta (que Alexandre Nardoni usava no dia do crime e trazia marcas de sujeira da rede de proteção). Até aquele momento, o casal estava passivamente na cena do crime. A camiseta me explicou a história, me disse quem era o agressor. Era Alexandre Nardoni.

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