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Nova testemunha confirma fraude na obra do Rodoanel à PF

Suspeita da Polícia Federal é de que aumento de R$ 170 mi com terraplenagem teria sido autorizado para beneficiar empreiteiras

Por Fabio Leite
Atualização:
Construção. Inquérito foi aberto no dia 16 de fevereiro após denúncia feita por um ex-funcionário da Dersa; Trecho Norte tem 47,6 km de extensão Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

SÃO PAULO - Uma segunda testemunha que também trabalhou na empresa Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) confirmou, em depoimento à Polícia Federal, as suspeitas de superfaturamento nas obras do Trecho Norte do Rodoanel denunciadas por um ex-funcionário da estatal controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

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Nesta quarta-feira, o Estado revelou que investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin), braço da PF especializado no combate a desvio de recursos públicos, apuram se o aumento de ao menos R$ 170 milhões nos custos de terraplenagem da construção foi autorizado pela Dersa em setembro de 2015 para beneficiar as empreiteiras contratadas para construir o Rodoanel Norte.

A Dersa afirma que “não tem conhecimento do inquérito policial” e nega qualquer favorecimento às construtoras. A estatal afirma que teve de incluir novos serviços nessa etapa da construção por questões geológicas, por causa dos riscos de impacto em moradias do entorno, além de grandes deslocamentos de terra que não estavam previstos. 

Segundo o delator, os custos com terraplenagem subiram mais de R$ 420 milhões depois dos aditivos, um acréscimo de 99,6% em relação aos valores previstos nos contratos dos seis lotes da obra, assinados em 2013 no valor total de R$ 3,9 bilhões. A Dersa rebate dizendo que o aumento real de custo nesse serviço foi de 40,4%, o equivalente a R$ 170 milhões.

O presidente da estatal, Laurence Casagrande, afirma que duas auditorias internas foram feitas e não constataram nenhuma das irregularidades apontadas pelo ex-funcionário que denunciou o suposto desvio de recursos do Rodoanel à PF. Segundo ele, um pedido de investigação foi encaminhado em fevereiro para a Corregedoria-Geral da Administração (CGA), que apura o caso.

O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou um procedimento preparatório para apurar possíveis crimes na obra. A procuradora Anamara Osório Silva já requisitou à Dersa todos os contratos, projetos, aditivos e medições de serviços e o edital da obra.