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Noivo não sabia que noiva chegaria de helicóptero ao casamento

Rosemere Silva queria fazer uma surpresa ao futuro marido e aos 300 convidados; ela, seu irmão, uma fotógrafa grávida e o piloto morreram após queda da aeronave

Por Fabio de Castro e Isabela Palhares
Atualização:

SÃO LOURENÇO DA SERRA - A auxiliar de enfermagem Rosemere Nascimento Silva, de 32 anos, queria fazer uma surpresa ao noivo e futuro marido, o chaveiro Udirley Marques Damasceno, de 34. Ele não sabia que ela chegaria de helicóptero ao Sítio Recanto Beija-Flor, em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, onde ocorreria o casamento dos dois. Rosemere morreu natarde deste domingo, 4, após a aeronave cair. O acidente matou também o irmão dela, uma fotógrafa grávida e o piloto.

A auxiliar de enfermagem Rosemere Nascimento Silva, de 32 anos, era aguardada para o início de sua festa de casamento na Grande São Paulo Foto: Reprodução

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“Ela e o irmão estavam muito animados, queriam que fosse uma surpresa para todos. Só eu e a mulher do irmão dela (que morreu no acidente) sabíamos que ela chegaria em um helicóptero”, contou Carlos Eduardo Baptista, dono do espaço onde ocorreria a festa.

O helicóptero caiu por volta das 16 horas - horário em que estava marcado o início da celebração.

A festa seria para cerca de 300 convidados e todos esperavam pela noiva para o início da cerimônia. O casamento do casal, evangélico, seria celebrado por um pastor e validado por um juiz. Baptista afirmou que já havia organizado a entrada dos padrinhos e madrinhas quando estranhou o atraso. 

“Trabalho com festas há mais de 30 anos e, quando as noivas decidem vir de helicóptero, são comuns alguns imprevistos, como atrasos ou cancelamentos por causa do tempo. Mas, desta vez, como atrasaram e ninguém da empresa (do helicóptero) me avisou, eu fiquei desesperado e liguei para a polícia, para os bombeiros”, contou.

O acidente aconteceu a cerca de 5 quilômetros do local do casamento. Baptista contou que, assim que foi confirmada a morte dos quatro passageiros, chamou o noivo e o pastor para comunicar o acidente.

“Nunca imaginei que um dia daria uma notícia dessas durante um casamento. A família está sem chão. Todos esperavam um dia de alegria e tudo se transformou numa grande tragédia”, disse. 

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Piloto, noiva, irmão da noiva e fotógrafa grávida morreram no acidente na Grande São Paulo Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Em choque. Os cerca de 40 funcionários que trabalhavam na festa disseram ter ficado muito chocados com o acidente, especialmente porque eram amigos da fotógrafa que morreu na queda.

“Soubemos o que tinha acontecido minutos antes dos convidados. Ficamos muito chocados, foi uma comoção muito grande para nós também. Mas tivemos de nos acalmar logo para amparar os convidados”, disse Kevin Willy, de 18 anos, que trabalha no local. 

Ainda de acordo com os funcionários, a fotógrafa estava registrando todos os momentos de preparação da noiva, até mesmo o trajeto no helicóptero. Eles disseram ter esperanças de encontrar o equipamento fotográfico em boas condições para entender o que aconteceu.

A aeronave caiu no bairro Barrinha, uma área de chácaras, próximo à Estrada da Barrinha, em São Lourenço, via de acesso à cidade de Juquitiba. No horário o acidente, a região estava com o tempo nublado. Oito equipes do Corpo de Bombeiros se dirigiram ao local.

  Foto: INFOGRÁFICO|ESTADÃO

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Situação regular. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave modelo Robinson 44 havia sido comprada recentemente e estava em situação regular para voo. Baptista contou que a empresa dona do helicóptero já havia realizado dois outros eventos em seu sítio. “Era a terceira vez que eles traziam noivas para o casamento.”

Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) mostrou que foram registrados dois acidentes fatais no ano passado em aeronaves deste modelo. Desde dezembro de 2002, aeronaves desse mesmo modelo se envolveram em 49 acidentes no País - 18 deles apenas no Estado de São Paulo./ COLABOROU BRUNO RIBEIRO

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