No Rio, blocos causam até inflação

Grupos passaram de cem para mais de 500 em 8 anos e atraem tanta gente que está cada vez mais caro e trabalhoso desfilar pela cidade

PUBLICIDADE

Por Bruno Boghossian
Atualização:

Em menos de uma década, o descontraído carnaval de rua do Rio tomou proporção tão grande que pressionou as autoridades a criar uma estrutura robusta para organizar um evento até então informal. A mudança pode ser constatada também no caixa dos pequenos blocos de amigos. Em pouco tempo, os preços dos aluguéis de carros de som dispararam, o custo das camisetas usadas pelos grupos subiu e até o preço da cerveja aumentou.Para colocar um bloco pequeno na rua, organizadores estimam que é preciso cerca de R$ 7 mil. Há quatro anos, era a metade do preço. "Com a popularização, um bloco montado para receber 500 pessoas pode, de repente, receber 10 mil. É preciso um carro de som, contratar músicos e seguranças", avalia Ricardo Rabelo, da Associação de Blocos Folia Carioca. Em oito anos, o número de blocos passou de cem para mais de 500, segundo organizadores.O Cordão da Bola Preta - mais tradicional, com 93 anos - atraía 20 mil pessoas no início da última década e espera receber cerca de 2 milhões neste ano. Desde que a retomada do carnaval de rua se intensificou, entre 2003 e 2005, blocos pequenos como o Volta Alice e o Empolga às 9 passaram de 300 para 10 mil pessoas. O aumento do número de grupos e a multidão atraída por eles fizeram aumentar a demanda e os aluguéis dos carros de som - de R$ 1,5 mil para R$ 3,5 mil. Quem precisa de caminhão procura até em outros Estados. Muitos organizadores desistiram de montar seus blocos. "Precisaríamos de R$ 10 mil para ter carro de som, amplificação e músicos", calcula Gisele Andrade, produtora do Exalta Rei, que desfilou só em 2009 na Urca. "Com essa inflação, o carnaval de rua deixa de ser democrático."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.