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Na Rua Augusta, 60 anos de mudança

Com novo complexo multiuso, terreno do Ca'd'Oro - o 1º hotel cinco estrelas de SP - passa pela terceira transformação em seis décadas

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Por Redação
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Rua Augusta, número 101. Pela terceira vez em 60 anos, o terreno localizado na esquina com a Rua Caio Prado está em processo de transformação. Dos sobrados construídos nos anos 1950 ao primeiro hotel cinco estrelas de São Paulo, o local receberá agora um empreendimento multiuso, com potencial de vendas avaliado em R$ 300 milhões. Além de espaço hoteleiro, o novo Ca'd'Oro oferecerá unidades residenciais e comerciais com design inovador que promete mudar a cara do Baixo Augusta, no centro. Para sair do papel, no entanto, o projeto desenvolvido pela Brookfield ainda enfrenta a última fase de demolição.O diretor de incorporação da empresa, André Lucarelli, explica que o trabalho é manual. "Ele tem sido feito com todo o cuidado para causar menos transtornos à vizinhança. Este tipo de processo costuma ser realmente mais longo", explica. Filho do ítalo-suíço Fabrizio Guzzoni, criador do antigo hotel, Aurélio Guzzoni, de 62 anos, ainda se lembra do estilo das primeiras construções do endereço. "Eram casas simples, com dois andares e porta na rua. Elas ocupavam cerca de 40% da área e foram sendo compradas pelo meu pai à medida que o hotel foi crescendo", conta.Até 2009, quando foi fechado, passaram por lá personalidades nacionais e internacionais, como Nelson Mandela, Pablo Neruda, Luciano Pavarotti e Di Cavalcanti. Naquela época, o hotel dispunha de 370 quartos. Quando reabrir, terá duas torres com 521 unidades e um conjunto de serviços exclusivos impensável nos anos de 1950. Hóspedes e moradores terão à disposição manicure, professor de ioga, natação e pilates, entre outros mimos.Em menor escala, a modernização é observada em regiões da cidade dominadas por fábricas e extensos galpões, como Mooca e Belém, na zona leste, e Lapa e Barra Funda, na zona oeste. Aos poucos, o interesse das construtoras aliado à demanda do mercado faz dos bairros novos polos imobiliários, agregando valor de venda a partir da desconstrução do modelo antigo.A reutilização dos terrenos garante uma localização privilegiada e ainda reduz possíveis riscos durante a implementação dos projetos, segundo avalia a consultoria imobiliária Cushman & Wakefield. Na análise do diretor de representação de proprietários da empresa, Mário Sérgio Gurgueira, quando o incorporador compra um terreno com a possibilidade de demolir o que tem ali fica livre de surpresas, como impasses relacionados à compra parcelada de casas para compor o terreno.Ressalvas. Para Gurgueira, trata-se de uma solução natural em São Paulo, mas há ressalvas. "Normalmente, a absorção desse custo da demolição fica a cargo do comprador, que tem de incluí-lo no preço do produto final. Só vale a pena assumi-lo se os valores de mercado de venda e os custos envolvidos na construção atingirem o ponto de equilíbrio do negócio", afirma.Os preços são variados, mas se estima que uma demolição gere ao menos 10% de gastos extras ao investidor. / ADRIANA FERRAZ E TIAGO QUEIROZ

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